Em reunião na CDH, especialistas criticam ideia de usina nuclear em PE — Rádio Senado

Em reunião na CDH, especialistas criticam ideia de usina nuclear em PE

Especialistas rejeitaram, na Comissão de Direitos Humanos, planos para a construção de uma usina nuclear em Pernambuco. O governo federal se baseia em estudos de 2011 que recomendam a região devido à baixa densidade populacional e à proximidade do Rio São Francisco. Os debatedores alertam, no entanto, para prejuízos a comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, além de danos ambientais. O presidente da CDH, Humberto Costa (PT-PE), diz que a usina só poderia ser construída com o aval do Congresso.

20/09/2021, 20h13 - ATUALIZADO EM 20/09/2021, 21h35
Duração de áudio: 02:09

Transcrição
LOC: ESPECIALISTAS REJEITARAM A RETOMADA, PELO GOVERNO FEDERAL, DE PLANOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA USINA NUCLEAR EM PERNAMBUCO. LOC: NA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS, DEBATEDORES ALERTARAM PARA PREJUÍZOS A COMUNIDADES INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E RIBEIRINHAS, ALÉM DE DANOS AMBIENTAIS. REPÓRTER ROBERTO FRAGOSO. A Procuradoria Geral da República vem questionando no Supremo Tribunal Federal legislações estaduais que proíbem o uso da energia nuclear, e já obteve vitórias contra quatro estados. Hélio Dantas, procurador-geral da Assembleia Legislativa de Pernambuco, lembrou que no seu estado a lei não proíbe esse tipo de energia, apenas a coloca atrás de outras fontes, limpas. É um não rotundo que a estado de Pernambuco dá às usinas nucleares. É um não enfático. Teremos quando? Quando exaurirmos todas as alternativas. Que não serão exauridas. Nós temos abundância de sol e temos um potencial eólico magnífico. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Humberto Costa, do PT de Pernambuco, criticou o governo Bolsonaro por reativar os planos para a construção de uma usina nuclear na região de Itacuruba, em seu estado. Ele lembrou que isso só pode ser feito com o aval do Legislativo. É de competência do Congresso Nacional a definição por meio de lei ordinária de sítios destinados a instalações de usinas nucelares, portanto o empreendimento de Itacuruba não poderá ser executado. Atualmente, apenas o sítio de Angra dos Reis está habilitado para receber uma usina nuclear, pois a despeito de não haver uma lei que autorize, aquela unidade já estava operativa quando da promulgação da Constituição. José Karajá, assessor do Conselho Indigenista Missionário no Nordeste, alertou para possíveis danos ambientais. O risco muito grande de vazamento de radiação e o comprometimento de toda a água do rio São Francisco até a sua desembocadura. Esses seis reatores vão consumir metade da vazão do rio em tempos de seca pra resfriamento de seus reatores. E de 70 a 85% dessa água mesmo depois de resfriada ela volta para o lago de Itaparica com uma temperatura de 33 graus em média. O governo se baseia em um estudo feito em 2011 pela Eletronuclear, um braço da Eletrobras, que recomenda a região devido à baixa densidade populacional e à proximidade do rio. Os debatedores discordam, e explicam que a construção atingiria comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas. Da Rádio Senado, Roberto Fragoso.

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