Senado celebra 100 anos de nascimento de Dom Paulo Evaristo Arns, defensor dos direitos humanos — Rádio Senado
Sessão especial

Senado celebra 100 anos de nascimento de Dom Paulo Evaristo Arns, defensor dos direitos humanos

O Senado homenageou nesta segunda-feira (13) o centenário de nascimento de Dom Paulo Evaristo Arns. Sobrinho do cardeal, o senador Flávio Arns (Podemos-PR), que pediu a homenagem, destacou o papel do religioso para a defesa dos mais necessitados e para a democracia. Representando a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Joel Portella Amado disse que Dom Evaristo “Tornou-se o verdadeiro ícone da defesa dos desamparados e perseguidos”. Para o Padre Júlio Lancellotti, homenagear a memória de Dom Evaristo é estar comprometido com as causas por que ele lutava. O ex-senador Pedro Simon disse que o Brasil precisa de pessoas com a postura de Dom Paulo Evaristo Ans.

13/09/2021, 15h09 - ATUALIZADO EM 13/09/2021, 15h12
Duração de áudio: 03:56
Roque de Sá/Agência Senado

Transcrição
UMA SESSÃO ESPECIAL NESTA SEGUNDA-FEIRA HOMENAGEOU O CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE DOM PAULO EVARISTO ARNS, CELEBRADO EM 14 DE SETEMBRO. OS PARTICIPANTES LEMBRARAM A ATUAÇÃO EM PROL DOS MAIS NECESSITADOS E CONTRA A VIOLAÇÃO DE DIREITOS DURANTE A DITADURA MILITAR. REPORTAGEM DE IARA FARIAS BORGES. Conhecido como Cardeal da Esperança, Paulo Evaristo Arns nasceu em Santa Catarina em 1921. Aos 24 anos foi ordenado padre, estudou filosofia e teologia no Brasil e letras clássicas na Universidade Sorbonne, em Paris. Em 1970, durante o período de ditadura militar, foi designado arcebispo metropolitano de São Paulo. Representando a CNBB, Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Joel Amado destacou o papel de Dom Evaristo. Tornou-se o verdadeiro ícone da defesa dos desamparados e perseguidos. Sua palavra sempre trouxe especial alento ao coração dos cristãos e deu significativa contribuição na luta contra a tortura e o restabelecimento da democracia. Dom Evaristo coordenou, juntamente com o Rabino Henry Sobel e o Pastor presbiteriano Jaime Wright, o projeto “Brasil: Nunca Mais”, que copiou mais de um milhão de páginas de processos do Superior Tribunal Militar para preservar as informações. E por temer apreensão, o material foi microfilmado e enviado ao exterior. Sobrinho de Dom Evaristo, o senador Flávio Arns, do Podemos paranaense, que pediu a homenagem, ressaltou que os dados foram reunidos no livro “Brasil: Nunca Mais” e é um dos mais importantes registros de violações cometidas pelo governo militar. Dom Paulo Evaristo também ajudou a organizar o movimento “Tortura Nunca Mais”. Para o senador, o exemplo do religioso deve inspirar o Brasil. A lembrança de dom Paulo, neste momento crucial da vida de nossa Nação e do seu povo, deve servir, tem que servir, de inspiração para a descoberta de caminhos de superação das injustiças, das divisões, das exclusões, dos radicalismos, dos preconceitos e das discriminações. Dom Paulo foi uma voz que se ergueu pela democracia, pelo direito, pela justiça, contra todos os abusos violadores dos direitos humanos. Também o Padre Júlio Lancellotti, da paróquia São Miguel Arcanjo de São Paulo, que tem atuado em prol de pessoas em situação de rua, defendeu seguir o exemplo de Dom Evaristo. Não é simplesmente fazer uma celebração, uma memória, mas é um compromisso de continuarmos a luta por essas esperanças, pelos direitos humanos, pela dignidade da vida, a luta pelos pobres, pelos esquecidos, pelos abandonados, uma luta de compromisso e transformação. Para o ex-senador gaúcho Pedro Simon, o país precisa de pessoas como Paulo Evaristo Arns. Nós estamos vivendo uma das horas mais difíceis e dramáticas da vida brasileira. Não temos tortura, temos uma democracia, temos liberdade, mas estamos numa confusão. E seria bom e necessário que alguém com a voz de D. Evaristo falasse a todos nós que radicalizamos, donos da verdade, mas que não apresentamos uma palavra, uma orientação nesta hora que nós estamos vivendo. Autor de 57 livros, Dom Paulo Evaristo Arns recebeu títulos honoríficos de vários países. Ele morreu em 2016, aos 95 anos, em consequência de uma broncopneumonia. Em 2017, foi homenageado in memoriam com o Prêmio Vladimir Herzog, concedido a quem se destaca na defesa da democracia, da cidadania e dos direitos humanos e sociais. Da Rádio Senado, Iara Farias Borges.

Ao vivo
00:0000:00