Ex-assessor admite ter ajudado vendedores de vacina, mas nega cobrança de propina — Rádio Senado
CPI da Pandemia

Ex-assessor admite ter ajudado vendedores de vacina, mas nega cobrança de propina

Alegando parcerias comercias futuras, o ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Marcelo Blanco admitiu ajuda aos vendedores de vacina Luiz Dominghetti e Cristiano Carvalho, mas negou cobrança de propina. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) destacou que Blanco alterou a razão social da empresa dele para fechar negócios com o Ministério da Saúde. Já o senador Jorginho Mello (PL-SC) reforçou que as vacinas ofertadas não foram compradas. Mas pediu que o Ministério da Saúde aprimore os processos de compras.

04/08/2021, 19h40 - ATUALIZADO EM 04/08/2021, 19h40
Duração de áudio: 03:08
Jefferson Rudy/Agência Senado

Transcrição
EM DEPOIMENTO À CPI DA PANDEMIA, EX-ASSESSOR DO MINISTÉRIO DA SAÚDE CONFIRMA ORIENTAÇÃO A VENDEDORES DE VACINAS, MAS NEGOU COBRANÇA DE PROPINA. SENADORES DA OPOSIÇÃO ALEGAM QUE O MILITAR DA RESERVA PARTICIPARIA DO “ESTELIONATO”. JÁ GOVERNISTAS INSISTEM QUE O NEGÓCIO NÃO PROSPEROU. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. O ex-assessor do Departamento de Logística, Marcelo Blanco, admitiu contatos com os vendedores de vacina Luiz Dominghetti e Cristiano Carvalho. Disse que diante da oferta de 400 milhões de doses num momento de escassez apenas orientou Dominghetti a enviar os documentos por e-mail ao Ministério da Saúde. Segundo ele, a intermediação tinha o objetivo de estabelecer parcerias futuras diante da possibilidade da venda de vacinas para a iniciativa privada, já que Dominguetti se dizia representante de uma multinacional. Apesar de confirmar ter conduzido Dominghetti ao jantar com o então diretor de Logística, Roberto Dias, Marcelo Blanco negou a cobrança de propina de US$ 1 por dose. Declarou que o encontro foi para Dominguetti solicitar uma agenda no Ministério da Saúde, no que foi prontamente atendido. Não senador, eu não facilitei tratativas com ninguém, com ninguém. Orientar uma pessoa a enviar documentos em um e-mail institucional. Isso é facilitar tratativa? Não percepção não.  (Renan) E levar em restaurante para um encontro, não é facilitar tratativa? A (Blanco) A pessoa me pediu uma agenda e eu falei: peça direto ao diretor. Marcelo Blanco disse que desconfiou de Dominghetti após a demora na entrega de documentos e declarou que o negócio não prosperou. O senador Alessandro Vieira, do Cidadania de Sergipe, destacou uma mudança na empresa de Blanco, que passou a ser representante de medicamentos logo após conversas com Dominghetti. E revelou 108 ligações entre os dois no período de 30 dias. O senhor tem conversas com todas essas pessoas, a maior parte dessas conversas por iniciativa sua. E o senhor tem a cara de pau de vir a esta CPI para se apresentar como uma pessoa que, de boa vontade, apenas fez uma interface, que recebeu um contato de um amigo coronel, e esse amigo coronel lhe pediu, através, enfim, de alguma simpatia, que abrisse as portas para Dominguetti, e, daí para diante, nada acontece com sua participação. É zombar da inteligência das pessoas. O senador Jorginho Mello, do PL de Santa Catarina, lembrou que essa negociação não foi adiante e avalia que esse caso servirá de exemplo para o Ministério da Saúde aprimorar os processos de compras. Que fique um legado, que a gente possa amanhã e depois dizer que melhorou a compra, a gestão, a eficácia, o compliance, para que a gente não coloque o Brasil de novo numas condições tão ruins como essa, que foi uma série de barbeiradas, de perda de tempo, pessoas desqualificadas tentando vender o que não tinham. Isso diminuiu, no meu modo de entender, o Ministério da Saúde, o nosso sistema SUS, o sistema de imunidade que é um dos melhores sistemas do mundo, o sistema SUS. Ainda no depoimento, Marcelo Blanco revelou ter recusado um convite para assessorar a empresa VTC Log, transportadora e distribuidora que presta serviços ao Ministério da Saúde, alvo de investigações da CPI. O tenente coronel da reserva assumiu o cargo de assessor no Ministério da Saúde em maio do ano passado, mas foi exonerado em janeiro sem saber o motivo. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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