CPI retira da lista de investigados a ex-coordenadora do Programa de Imunização — Rádio Senado

CPI retira da lista de investigados a ex-coordenadora do Programa de Imunização

A ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização, Francieli Fantinato, disse que a falta de vacinas e de campanha publicitária, além de declarações do presidente Bolsonaro comprometeram o combate à pandemia. Ela também esclareceu a questão da aplicação de doses de fabricantes diferentes na vacinação contra covid-19. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou a exclusão de Francieli da lista de investigados e a anulação da quebra dos sigilos. Para o senador Marcos Rogério (DEM-RO), a decisão mostra que houve coação para obrigar testemunhas a falarem o que a oposição quer ouvir.

08/07/2021, 19h03 - ATUALIZADO EM 08/07/2021, 19h03
Duração de áudio: 04:19
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Transcrição
A EX-COORDENADORA DO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO CITOU A FALTA DE VACINAS E AS DECLARAÇÕES DE BOLSONARO COMO DIFICULDADES PARA COMBATER A DISSEMINAÇÃO DO CORONAVÍRUS. DIANTE DO DEPOIMENTO, OS SENADORES DA CPI RETIRAM A SERVIDORA DA LISTA DE INVESTIGADOS E ANULARAM A QUEBRA DE SIGILOS. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. Ao negar qualquer indicação política e destacar o currículo, a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização, Francieli Fantinato, disse que pediu para deixar o cargo em resposta à “politização” da vacinação. E ponderou que declarações do presidente Bolsonaro questionando a eficácia dos imunizantes comprometeu o controle da disseminação do vírus da covid-19. Defensora da ciência e de medidas não-farmacológicas, como uso de máscara e distanciamento social, reforçou que as maiores dificuldades foram a falta de vacinas e de campanhas publicitárias. Quando temos todas as evidências favoráveis, as evidências que mostram que a vacinação é um meio eficaz para controlar a pandemia, qualquer indivíduo que fale contrário a vacinação vai trazer dúvidas a população brasileira. Então, há a necessidade de se ter uma comunicação única, seja de qualquer cidadão, de qualquer escalão. Francieli Fantinato apresentou em dezembro um plano de imunização com dois cenários: vacinação de 95% da população para controlar a pandemia e de 55% dos grupos prioritários considerando uma eventual falta de doses. Além de revelar pressões de categorias para inclusão na lista dos primeiros vacinados, Francieli Fantinato disse que o ex-secretário-executivo, Élcio Franco, quis retirar os presos do grupo prioritário. Disse que ele decidiu pela menor cota no consórcio da Organização Mundial da Saúde, embora ela contasse com a quantidade maior. A ex-coordenadora afirmou que não participou de discussões sobre preços de vacinas porque se limitava à análise da eficácia e segurança. Ao explicar que as bulas não apresentam contraindicações para a vacinação de grávidas, ela disse que não houve o registro de mortes pelo uso de diferentes marcas na segunda dose. Citou estudos técnicos que permitem a chamada intercambi alidade e alertou para alta taxa de mortalidade de gestantes não imunizadas. Francieli Fantinato se valeu de orientações da Organização Mundial da Saúde para justificar o intervalo de 3 meses e não de 28 dias para a aplicação da segunda dose, que, por outro lado, se mostrou mais eficaz.  Ao atender ao pedido do senador Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade do Amapá, o relator, Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, anunciou que diante das contribuições, Francieli Fantinato seria retirada da lista dos 14 investigados. A imagem que nós colhemos de todos que estiveram aqui com relação à coordenadora do Programa Nacional de Imunizações é de uma competência, de uma correção, de uma honestidade a toda prova.  É o nosso dever. E, da mesma forma que seu nome foi colocado na investigação, na medida em que isso fica totalmente esclarecido, ele será retirado. E nós fazemos isso com muita satisfação. Ao citar a Lei de Abuso de Autoridades, o senador Marcos Rogério, do Democratas de Rondônia, reiterou que a lista de investigados incluiu pessoas não ouvidas pela CPI, o que, na opinião dele, se configurou numa arbitrariedade. Estão colocando na condição de investigado possíveis testemunhas para coagir no seu depoimento, porque, se desfaz, neste momento, a condição de investigado, é porque nunca houve o mínimo de elemento para que se constasse na condição de investigado. Eu quero fazer esse registro, lamentando esse expediente rasteiro, desonesto processualmente e de absoluta gravidade no âmbito desta CPI. O presidente da CPI, Omar Aziz, do PSD do Amazonas, e os senadores Randolfe Rodrigues e Renan Calheiros enviaram uma carta ao presidente Bolsonaro pedindo que ele confirme ou negue as denúncias dos irmãos Miranda sobre irregularidades na compra da vacina indiana que envolvem o líder do governo, deputado Ricardo Barros, do PP do Paraná. Da Rádio Senado, Hérica Christian. 

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