Ex-governador do Rio responsabiliza Bolsonaro por gestão da pandemia — Rádio Senado
Depoimento

Ex-governador do Rio responsabiliza Bolsonaro por gestão da pandemia

Em depoimento à CPI da Pandemia, o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel responsabilizou o governo federal pelo descontrole da pandemia. Segundo ele, o presidente Bolsonaro se recusou a dialogar com governadores e prefeitos e a coordenar as ações de enfrentamento à crise. O senador Humberto Costa (PT-PE) confirmou com Witzel que os ministérios da Saúde e da Educação não liberaram os mais de mil leitos dos hospitais federais. Já o senador Jorginho Mello (PL-SC) ressaltou as denúncias de corrupção que levaram à cassação de mandato de Witzel. Após quatro horas de sessão, o ex-governador encerrou o depoimento, se valendo de habeas corpus.

16/06/2021, 17h24 - ATUALIZADO EM 17/06/2021, 14h18
Duração de áudio: 04:06
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Transcrição
LOC: EX-GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO DIZ QUE GOVERNO FEDERAL IGNOROU APELOS DE GOVERNADORES E PREFEITOS. LOC: MUNIDO DE HABEAS CORPUS, WILSON WITZEL ENCERRA DEPOIMENTO APÓS HORAS E PEDE PARA VOLTAR DEPOIS NUMA SESSÃO SECRETA. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. TÉC: Wilson Witzel perdeu o cargo de governador do Rio de Janeiro em abril deste ano por denúncias de corrupção na pandemia embora tivesse estivesse afastado desde agosto do ano passado. Apesar do habeas corpus, se comprometeu em falar a verdade na CPI, mas se valeu da decisão do Supremo Tribunal Federal para encerrar o depoimento após quatro horas de duração. Wilson Witzel responsabilizou o governo federal pelo descontrole da pandemia. Citou que governadores e prefeitos fizeram apelos ao Ministério da Saúde para assumir a coordenação da crise. Segundo ele, não foram atendidos os pedidos de compras centralizadas de equipamentos e insumos, além da adoção de medidas, como isolamento social. Wilson Witzel destacou que nenhuma autoridade do governo federal recebeu governadores e prefeitos, que acabaram atacados nas duas reuniões que tiveram com o presidente da República. Ele citou que a demora na aprovação do auxílio emergencial e o posicionamento contrário de Jair Bolsonaro ao lockdown impediram ações locais para a contenção da disseminação do vírus. (Witzel) O governo federal para se livrar das consequências do que viria com a pandemia criou uma narrativa. Os governos estaduais ficariam em situação de fragilidade porque não teriam condições de comprar insumos, respiradores e, inclusive, atender aos pacientes. REP: Wilson Witzel rebateu o argumento de que o Supremo Tribunal Federal tenha impedido o governo federal de atuar na pandemia. Segundo ele, o STF deu condições para governadores e prefeitos agirem diante da omissão da União. Ele declarou que o Ministério da Saúde ignorou os pedidos de abertura de leitos na rede federal e que não ajudou na construção dos hospitais de campanha. O senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco, citou a existência de 1,6 mil vagas nos 6 hospitais federais no Rio, sem contar os leitos dos hospitais universitários e institutos. Após ouvir o ex-governador, Humberto Costa lembrou que aliados do presidente da República boicotaram as medidas restritivas no Rio. (Humberto) Quem é responsável em grande parte por esse processo trágico é o governo federal, são aqueles que sabotaram as medidas de isolamento social, que apregoaram contra as vacinas, contra os testes e que, no momento em que poderiam abrir os hospitais, os hospitais também do Ministério da Educação, não o fizeram. Foram absolutamente omissos. REP: Sobre o impeachment, Wilson Witzel declarou que foi vítima de perseguição política e do Ministério Público. Comentou que a prisão na gestão dele dos acusados do assassinato da vereadora Marielli Franco pode estar por trás de sua cassação. Wilson Witzel pediu à CPI para falar numa sessão secreta. Ao citar que o ex-governador é réu no Superior Tribunal de Justiça num processo que apura corrupção e lavagem de dinheiro, o senador Jorginho Mello, do PL de Santa Catarina, questionou Witzel sobre as denúncias de superfaturamento e de recebimento de propina. (Jorginho) O senhor está aqui dizendo que é um santo, mas eu fico só imaginando a amargura das pessoas que o senhor meteu a caneta para condenar. O que que essas pessoas estão pensando hoje do senhor? O senhor saiu do cargo de juiz federal para ser governador do Rio de Janeiro. Na primeira oportunidade, fez um monte de lambança. Então, eu quero lhe dizer o seguinte: o senhor envergonhou a Justiça, envergonhou o Rio de Janeiro e a população brasileira. REP: O senador Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade do Amapá, vai pedir oficialmente a sessão secreta para ouvir mais uma vez o ex-governador do Rio de Janeiro. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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