CRE debate relações econômicas dos Brics
A situação do Brics, grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, foi tema de audiência pública nesta segunda-feira (18) na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Participaram do debate o professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, Renato Baumann; o professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo, Angelo Segrillo; e o secretário-adjunto especial da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Marcos Degaut.

Transcrição
LOC: A SITUAÇÃO DO BRICS, GRUPO DE PAÍSES FORMADO POR BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA, CHINA E ÁFRICA DO SUL, FOI TEMA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA DA COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES.
LOC: AS RELAÇÕES ECONÔMICAS ENTRE OS PAÍSES DO BLOCO FORAM DEBATIDAS PELOS PARTICIPANTES DA REUNIÃO. REPÓRTER CARLOS PENNA BRESCIANINI.
TÉC: O décimo-segundo painel do ciclo de debates sobre o Brasil e a nova ordem internacional promovido pela Comissão de Relações Exteriores debateu a situação do BRICS. O grupo, formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, passa por problemas econômicos e políticos, como destacou o presidente da CRE, o senador Fernando Collor, do PTC de Alagoas:
(COLLOR) Possibilidade de conflito entre os BRICS diante dessa ordem internacional que vem se moldando, a despeito de tantas divergências. E impacto das relações com os BRICS para o desenvolvimento econômico e tecnológico para a defesa nacional do Brasil.
(REPÓRTER) O professor da Economia da UnB, Renato Baumann, lembrou que, dos países do bloco, apenas a China e a Índia têm crescimento significativo atualmente:
(BAUMANN) Esse exercício corre um risco estrutural, que é o risco de ser China mais quarto. Como é que você modula e você controla os interesses específicos da China em comparação com os interesses dos outros quatro? A economia brasileira não crescia, a economia russa tão pouco e a sul-africana também. Destaques ficaram coma a China e a Índia.
(REPÓRTER) Marcos Degaut, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, lembrou que existem rivalidades históricas entre os próprios países que integram o BRICS:
(DAGAUT) Os BRICS são basicamente uma plataforma de cooperação. Os BRICS não são uma aliança, não são um processo de integração profunda, não são um bloco comercial. Existem rivalidades muito claras entre China e Índia, entre China e Rússia, entre Rússia e Índia.
(REPÓRTER) O historiador Ângelo Segrillo, professor da USP, alertou que a concentração de comércio do Brasil com a China pode causar uma dependência econômica:
(SEGRILLO) Na verdade os BRICS eles têm mais um potencial geo-político, um potencial de influência geo-política no mundo, do que exclusivamente econômica. Porque nós temos o problema da China, tipo de o Brasil de repente se tornar um grande exportador de matérias primas, de produtos primários, principalmente para a China e esse quadro se tornar crônico.
(REPÓRTER) O próximo painel da CRE ocorrerá no dia 2 de outubro e debaterá o lugar do Brasil em um mundo de transformações. Da Rádio Senado, Carlos Penna Brescianini.