Janaína diz que Dilma mentiu e Cardozo pede que Senado não golpeie a presidente — Rádio Senado

Janaína diz que Dilma mentiu e Cardozo pede que Senado não golpeie a presidente

31/08/2016, 02h20 - ATUALIZADO EM 31/08/2016, 03h38
Duração de áudio: 04:18
Agência Senado

Transcrição
LOC: APESAR DE SE DESCULPAR, ADVOGADA DA ACUSAÇÃO DIZ QUE DILMA ROUSSEFF MENTIU À POPULAÇÃO PARA SE ELEGER COM FRAUDES CONTÁBEIS. LOC: DEFESA DA PRESIDENTE AFASTADA APELA QUE SENADO FAÇA JUSTIÇA PARA NÃO TER QUE SE DESCULPAR COM A PETISTA PELO GOLPE. A REPORTAGEM É DE HÉRICA CHRISTIAN. Hérica - A advogada Janaína Paschoal acabou chorando no final de sua manifestação ao pedir desculpas a Dilma Rousseff pelo sofrimento que lhe causava. Mas destacou que assinou o pedido de impeachment pensando nos netos da petista, numa referência ao futuro do País. Janaína Paschoal negou que o processo fosse um conluio dos advogados, do ex-presidente da Câmara, deputado afastado Eduardo Cunha do PMDB do Rio de Janeiro, de um procurador e um do auditor do Tribunal de Contas da União. Rebateu a defesa de que o impeachment ocorre pelo fato de Dilma ser mulher. E criticou o argumento de a eventual perda de mandato ocorrerá por “probleminhas contábeis”. Janaína Paschoal disse que Dilma cometeu os crimes de reponsabilidade ao usar bancos públicos para pagar contas do governo numa fraude destinada a maquiar as contas num ano eleitoral. (Janaína) A fraude ocorreu em dois lados. Primeiro, pagaram com o seu dever o que era dos bancos públicos, Caixa, BNDES, Banco do Brasil, não escrituraram esses débitos como despesas e ao mesmo tempo não cortaram as despesas. Então, eles criaram uma ilusão. REP: Outro advogado da acusação, Miguel Reale Júnior, rebateu a tese do golpe baseada no argumento do PT de que o processo obedeceu ao rito jurídico, mas sem crime. (Reale- 16) Não é apenas um formalismo e o respeito ao devido processo legal. Mas a verificação exata da ocorrência efetiva de fatos delituosos graves. Dizem que não há crime de responsabilidade. Como não há crime de responsabilidade? Há crime de responsabilidade, há autoria e há dolo. REP: Já o advogado José Eduardo Cardozo evocou o passado de Dilma citando as torturas e as condenações da época da Ditadura Militar ao afirmar que novamente ela se senta no banco dos réus sem ter cometido crime algum. Disse que nos dois casos a acusação formal era apenas um pretexto e que o povo não entende as acusações. Cardozo reafirmou que o processo atual é vingança política de Eduardo Cunha e dos políticos investigados na Lava Jato, além da oposição que não aceitou o resultado das urnas. Cardozo apontou ainda a paralisia do Congresso Nacional para não votar as medidas necessárias para melhorar a economia. Ele voltou a criticar a mudança de entendimento do Tribunal de Contas da União para justificar o processo com os decretos e as chamadas pedaladas que não contam com a assinatura dela, que não desrespeitaram a meta fiscal e nem impactaram nas contas públicas. Diante da falta de provas, Cardozo pediu que os senadores não enxovalhem a honra de uma mulher honesta. O advogado fez um apelo para que os senadores não cometam uma injustiça. (Cardozo) Mas se V. Exª quiserem fazer justiça para evitar que, no futuro, alguém tenha que pedir desculpas, como eu pedi àqueles que sofreram violência do Estado, julguem pela justiça, julguem pelo estado de direito, julguem pela democracia. Não aceitem que o nosso País sofra um golpe parlamentar, e uma pessoa honesta, correta, íntegra tenha pena de morte política, para que, no futuro, alguém tenha que dizer: "Desculpe-me, Dilma Rousseff, pelo que a ditadura lhe fez e pelo que a nossa democracia também lhe fez." REP: A senadora Gleisi Hoffmann do PT do Paraná avalia que a acusação não comprovou a prática dos crimes contra Dilma. (Gleisi) A própria advogada Janaína Paschoal chega a dizer que o que estão argumentando para cassar a presidenta é frágil sim mas ela está sendo cassada não por isso, mas porque mentiu para a sociedade brasileira. Isso não é base para um processo de impeachment. REP: Já a senadora Ana Amélia do PP gaúcho avalia que ao se manifestar como porta-voz de Dilma, Cardozo não mudou votos favoráveis ao impeachment. (Ana Amélia) O José Eduardo Cardozo, além de advogado da presidente, foi ministro dela, é amigo dela, convive com ela. Ele foi praticamente o ghost writer verbal, ou seja, falou por ela, foi o porta-voz dela aqui. REP: Esse debate encerrou a participação dos advogados nesse processo no Plenário do Senado. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

Ao vivo
00:0000:00