Comissão debate proposta que cria "Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia" — Rádio Senado

Comissão debate proposta que cria "Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia"

LOC: A COMISSÃO DE EDUCAÇÃO DEBATEU NESTA QUINTA-FEIRA A PROPOSTA DE CRIAÇÃO DO "DIA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO À PSICOFOBIA". 

LOC: A IDEIA É QUE O DIA 12 DE ABRIL SEJA UMA DATA PARA COMBATER O PRECONCEITO CONTRA QUEM POSSUI DOENÇA OU TRANSTORNO MENTAL. REPÓRTER ROBERTO FRAGOSO. 

TÉC: Entre as dez maiores causas de afastamento do trabalho em todo o mundo, cinco são transtornos mentais, como depressão e ansiedade, de acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria. E esses males atingem 50 milhões de brasileiros, quase um quarto de toda a população. No entanto, o preconceito e a falta de informação dificultam o diagnóstico, pois as pessoas evitam procurar tratamento porque temem o estigma de doente mental. É o que explica o senador Paulo Davim, do PV do Rio Grande do Norte. 

(Paulo Davim) Os pais se privam de levar as crianças para o tratamento ao psiquiatra para que essa notícia não vaze na circunvizinhança ou na escola. E aí aquela criança passa a ser discriminada. Mas não só a criança. Na família que tem alguém, seja adulto ou criança com algum tipo de transtorno mental, a família inteira é discriminada pela vizinhança. E são tratados como a família dos “doidinhos”. (Repórter) Para combater o preconceito, Paulo Davim quer que o dia 12 de abril seja conhecido como o Dia de Enfrentamento à Psicofobia. A data marca o nascimento do humorista Chico Anysio, que deu um depoimento à Associação Brasileira de Psiquiatria poucos meses antes de morrer revelando que sofria de depressão, como lembra o presidente da associação, Antônio Geraldo da Silva. 

(Antônio Geraldo da Silva) O pai dessa campanha foi e vai continuar sendo o Chico Anysio, que veio a falecer no dia 12 de abril, foi a pessoa que deu o start junto com a ABP para que lutássemos contra o preconceito, porque ele era padecente de doença mental. Ele tinha um quadro de depressão que ele tratou durante 24 anos. E ele declarou que se não fosse o tratamento psiquiátrico dele, ele jamais teria sido 20% daquilo que ele foi. (Repórter) A psicóloga Iane Kestelman relata que o preconceito contra o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – TDAH – começa com o mito de que é uma doença inventada pela indústria para vender mais remédios. E que os maiores prejuízos são para as crianças e adolescentes que sofrem do distúrbio. 

(Iane Kestelman) Os professores não sabem o que é e essas crianças são jogadas para fora de sala de aula, como fizeram com os meus próprios filhos. Eu tenho um filho, hoje com 29 anos, que se formou em Economia pela PUC do Rio de Janeiro, que é uma das melhores faculdades. Mas assim, aos 14 anos de idade, ele foi sumariamente – eu mesmo não sabia o que era TDAH – excluído da escola. Se não tivesse ele as condições que tinha, a mãe psicóloga, boas escolas e o suporte para que ele pudesse avançar, ele estaria provavelmente numa cracolândia hoje. 

(Repórter) Antônio Geraldo da Silva comparou o preconceito contra os doentes mentais ao racismo e à homofobia, mas disse que não defende a criminalização, apenas a educação e a conscientização da sociedade.
11/12/2014, 11h57 - ATUALIZADO EM 11/12/2014, 11h57
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