Livro aborda relação entre racismo e capitalismo no Brasil — Rádio Senado
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Livro aborda relação entre racismo e capitalismo no Brasil

O sociólogo Wagner Miquéias Damasceno discute no livro "Racismo, escravidão e capitalismo", publicado pela editora Mireveja, a associação entre opressão racista e exploração da mão de obra, as ideologias de dominação e a participação dos negros e negras no mercado de trabalho.

O Autores e Livros – Dose Extra conversou com o autor sobre a obra. Na entrevista, Damasceno aborda suas relações com a acumulação primitiva do capital, as ideologias racistas no Brasil, as relações entre cor/raça da população brasileira e trabalho, tratando das múltiplas formas de escravidão no Brasil. O autor também comenta a pauta atual sobre a luta contra o racismo no país, vinculada à luta contra a violência às diversas minorias.
Damasceno divide a obra em quatro capítulos, abordando a escravidão negra e suas relações com a acumulação primitiva do capital, as ideologias racistas no Brasil, as relações entre cor/raça da população brasileira e trabalho e o marxismo diante questão racial, passando por temas como a Guerra Civil dos Estados Unidos e a revolução no Haiti.

A questão da formação social brasileira também é discutida. Entre outros aspectos, a obra denuncia a ideologia do branqueamento no pensamento de autores como Sílvio Romero, João Batista Lacerda, Oliveira Vianna e Nina Rodrigues, apresentando as convergências e divergências entre eles. Sobre o abolicionismo e seus desdobramentos, coloca na berlinda ninguém menos que Joaquim Nabuco. Acerca do mito da democracia racial, revisa as análises de Gilberto Freyre. E não se furta à discussão com autores contemporâneos.

O sociólogo Ricardo Antunes, orientador de Damasceno e uma das maiores autoridades brasileiras na Sociologia do Trabalho, assinala: “é exatamente desse ponto central que o livro parte: o racismo, impregnado que está na pragmática da burguesia predadora que aqui existe e persiste, não foi responsável pela criação do capitalismo. Ao contrário, trata-se do exato inverso: foi o capitalismo gestado no processo de exploração colonial que criou e fez expandir o racismo”. É dele o texto de orelha do livro. A apresentação é assinada por Cláudia Durans, doutora em Serviço Social e docente do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), onde também integra o Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas.

22/11/2022, 10h04 - ATUALIZADO EM 22/11/2022, 14h48
Duração de áudio: 21:44
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