Arquivo S mostra como Jânio Quadros tentou manobrar a política brasileira
05/12/2022, 11h06
Em 1961 o então presidente Jânio Quadros renunciou à presidência da República. Por trás da manobra, estava a crença de que as Forças Armadas e o Congresso Nacional iriam implorar por sua volta. Ele esperava, com isso, obter mais poderes para driblar as limitações burocráticas do sistema político. Ao menos, é o que os arquivos do Senado revelam por meio de documentos do próprio Jânio e de senadores que receberam a renúncia e repercutiram o ato.
A matéria do jornalista Ricardo Westin para a série Arquivo S, parceria entre a Agência Senado e a Secretaria de Gestão de Informação e Documentação (Sgidoc), mostra que a manobra de Jânio, contudo, foi percebida por aliados e opositores. Em discurso logo após a renúncia, o senador Argemiro de Figueiredo (PTB-PB) afirmou que ceder ao desejo do ex-presidente seria a “morte da democracia”.
— A renúncia ao governo foi a tática premeditada de um homem que se julgava o único capaz de reorganizar a vida nacional […] Esperou retornar ao governo nos braços do povo e das gloriosas Forças Armadas para dirigir a nação como a queria governar: sozinho, mandando sozinho. A renúncia foi a primeira etapa do processo de uma ditadura que se tinha em vista — disse o parlamentar.
Tiro pela culatra
De acordo com os registros históricos sobre o tema, Jânio apostava que as Forças Armadas não tolerariam a posse do vice-presidente João Goulart. Na visão dele, os militares, mais identificados com a direita conservadora, teriam medo de que o Brasil tomasse o caminho do comunismo. Quando veio a renúncia, inclusive, Jango estava na China em uma missão oficial armada por Jânio.
A princípio, os militares de fato vetaram a posse de Jango. Diante dessa situação, o então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, empenhou a Campanha da Legalidade, exigindo o cumprimento da Constituição. O plano de aumentar as pressões deu certo , mas deixou o Brasil à beira de uma guerra civil.
Os militares acabaram aceitando a posse de Jango, mas só depois da mudança do sistema político de presidencialismo para parlamentarismo. A manobra de Jânio acabou não surtindo o efeito que ele tinha imaginado.
Em 1963, o Brasil voltaria a ser regido pelo presidencialismo e as Forças Armadas novamente voltariam a flertar com o golpismo. Mas aí já é outra história.
Leia a íntegra da matéria: "Há 60 anos, Congresso aceitou renúncia e abortou golpe de Jânio Quadros"
da Comunicação Interna
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