Liberdade de imprensa e fake news — Rádio Senado
Senado e Você

Liberdade de imprensa e fake news

Liberdade de imprensa e combate às fake news são tema do podcast “Senado e Você”, que nesta edição de maio traz uma entrevista com a jornalista Ester Monteiro, responsável pelo “Senado Verifica”, serviço que checa a veracidade

de notícias sobre o Senado Federal

 

O Senado lançou em 03 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a campanha “Liberdade de imprensa, democracia viva”, com o objetivo de reforçar a importância da livre atuação dos profissionais e veículos de comunicação jornalística. A iniciativa surgiu após o Brasil entrar na chamada zona vermelha no ranking 2020 da organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras.

Para explicar a relação entre liberdade de imprensa e fake news, o podcast "Senado e Você”, em sua edição de maio, ouviu a jornalista Ester Monteiro, responsável pelo “Senado Verifica”, um canal de interação com a sociedade destinado à checagem de informações publicadas sobre o Senado Federal nos meios de comunicação.

Além de falar sobre a importância do enfrentamento às fake news para a democracia, Ester dá dicas sobre como identificar uma notícia falsa, e explica como toda a população pode ajudar a combater esse tipo de (des)informação.

28/05/2021, 13h00 - ATUALIZADO EM 19/06/2023, 16h00
Duração de áudio: 14:12

Transcrição
Transcrição automática do áudio Senado e você Olá, eu sou Celso Cavalcanti e começa agora mais uma edição do Senado e você, que apresenta ações de responsabilidade social e boas práticas de gestão promovidas pelo Senado. E o assunto hoje são fake news, ou melhor, um enfrentamento a elas. No início de maio, o Senado lançou a campanha "Liberdade de imprensa, democracia viva". A iniciativa surgiu após o Brasil entrar na chamada Zona Vermelha, num ranking divulgado pela Organização Nongovernamental Repórter e Sem Fronteira. Mas qual é exatamente a relação entre fake news e liberdade de imprensa? Para saber a resposta, vamos conversar com a jornalista Ester Monteiro, ela que é responsável pelo Senado Verifica, o canal de interação com a sociedade destinado à checagem de informações publicadas sobre o Senado Federal nos meios de comunicação. - Olá, Ester. - Oi, Céus, como vai? Tudo joia. Ester, explica por favor para a gente qual a relação entre fake news e a liberdade de imprensa. Bom, Celso, a gente precisa, primeiro assim, ter claro o que é a liberdade de imprensa. Que é a capacidade do cidadão de ter acesso livre a todo tipo de informação. Mas também dos produtores de notícia, que são os meios de comunicação em geral, rádio, TV, jornal, revista, blog, e aí a gente inclui também os sites de notícias, porque a gente tem que ter claro que o consumo de informação mudou, a produção de informação também mudou, a gente já tem a internet, tem as redes sociais e tudo mais. Então é essa capacidade de a gente ter livre acesso à informação. - Preciso. - E o que isso tem a ver com a fake news? Quando a gente fala que o consumo de informação mudou, a gente tem que lembrar que a gente tem hoje internet, tem as redes sociais, e você pode me perguntar assim, mas então com a internet, com as redes sociais, não tem mais acesso à informação, a pessoa não pode ficar sabendo de mais coisas justamente porque são meios livres de você obter informação, e isso é verdade. O problema é que nos últimos anos surgiu esse grande fenômeno que é chamado de fake news, mas fake news não é só uma notícia falsa como a tradução do inglês indica. É muito mais do que isso, é produção de desinformação. O que é a desinformação? Quando você fala que todo mundo tem acesso a mais notícias na internet, nas redes, provavelmente vai dizer que todo mundo tem acesso a qualquer tipo de informação, mas não é bem assim porque a informação que circula nem sempre é uma informação com credibilidade, com qualidade, informação verdadeira. - Real, né? - Real, exatamente. Ou seja, a fake news não é apenas a notícia falsa, ela pode ser uma informação manipulada, uma informação que não corresponde à realidade e que é amplamente compartilhada pelos mes de comunicação, pelos canais de internet, de redes sociais, como se fosse uma coisa verdadeira. Quer dizer, ela aparenta ser verdadeira, ela tem elementos que parecem ser verdadeiros, mas que não são. Entende? A fake news ganhou uma importância muito maior na sociedade, vários estudos acontecendo principalmente após o avanço das redes sociais, quando milhões de milhões de pessoas em todo o mundo passam o tempo todo recebendo e enviando mensagens. Isso. Essa é uma das características da fake news, mais do que ser uma informação que não é realmente verdadeira, ela é altamente disseminada nas plataformas das redes sociais. Para você ter uma ideia, Celso, hoje o Facebook é a rede mais utilizada no Brasil, tem mais de 130 milhões de usuários. O WhatsApp vem em seguida com 120 milhões, e o YouTube com 105 milhões. Aí depois vem Instagram, o LinkedIn, o Twitter, esse volume de usuários na rede dá uma ideia da quantidade de informação e do barulho que é feito. Com certeza. O WhatsApp, hoje, por exemplo, é uma das plataformas mais usadas para a disseminação de desinformação e parece ter uma ideia de como a coisa acontece. Temos o estudo do ANAT, que é o Instituto Tecnológico norte-americano, e isso de algum tanto atrás, que segundo esse estudo, as fake news se espalham 70% mais rápido do que as notícias produzidas pelos meios de comunicação e também alcançam mais gente também. Que coisa. É impressionante, se a informação for política, isso acontece três vezes mais rápido. Então, assim, quando a pessoa recebe uma mensagem, principalmente se a mensagem diz assim, compartilhe já, não deixe de compartilhar, mande para os seus amigos, pare, pensa, porque isso daí pode ser uma armadilha e pode conter ali informações que não são realmente verdadeiras. E a gente ainda tem um outro aspecto que tem que ser bem considerado. Hoje você tem um grupo grande de pessoas que são chamados Trolls, que agem nas redes sociais, de uma forma muito abusiva, eles têm a intenção de provocar emocionalmente, criar atrito, criar confusão, e eles reproduzem a informação de uma maneira assaladora. E os robôs, que fazem ferramentas, que fazem o disparo de mensagens em massa. Então, em pouco tempo, uma informação que não é verdadeira se espalha rapidamente. Aí você vai tentar de novo, tá bom, mas o que isso tem a ver com a liberdade de imprensa? Na medida em que você espalha a informação que não é verdadeira, você induz, você manipula o debate público. As pessoas, na verdade, não estão sendo informadas. Ela já recebe uma informação que não é verdadeira e isso influencia. Influencia, por exemplo, a posição dela, a decisão dela na hora de votar, por exemplo. E você vai ter uma repercussão na própria democracia. Além disso, você vai ter uma repercussão na credibilidade dos meios de comunicação. Uma característica de fake news, por exemplo, é dar aparência de verdade. Como é que as pessoas fazem isso, quem faz esse tipo de prática? Dá uma cara de notícia, então usa um texto jornalístico, às vezes usa, inclusive, a marca de determinado veículo de comunicação. Quem pega aqui, fala "o que é o meu veículo, é o veículo por um uniforme". Se o meu veículo está falando isso e está falando dessa forma, isso é verdade. Vou passar isso para frente. E hoje em dia é tão fácil manipular até imagens, fotosshops, aplicativos, audios, tudo. A tecnologia que pode contribuir para o aprimoramento das relações, aumentar, semenação da informação e tudo. Também é usada de outra forma para prejudicar. Ester, então nesse contexto é que surge aí o canal Senado Verifica, não é isso? Isso, exatamente. O Senado já de bastante tempo, há vários anos, vem dando uma contribuição para combater as fake news. De que forma? Discutindo em audiências públicas, fazendo proposição de projetos de lei. E tudo mais para poder combater as fake news. Recentemente a gente teve ainda está andamento a CPI das fake news para investigar essa ação desses grupos que ficam disseminando fake news. E também fazendo campanhas. Há alguns anos a gente desenvolve campanhas para esclarecer as pessoas. Para mostrar as pessoas como ela pode identificar uma fake news, como ela pode contribuir com esse debate. Foi assim que surge o Senado Verifica, um serviço de checagem do Senado. Quando a gente fala em fake news e combate as fake news, uma das formas mais eficazes de combater as fake news é a notícia de qualidade. Fake news a gente combate com notícia boa, com a boa notícia. E o Senado, ele é referência nisso. Os nossos veículos de comunicação produzem um conteúdo sobre o que acontece no Senado, sobre as atividades legislativas. Primeiro um volume muito grande e segundo um volume de qualidade reconhecido por todos os meses de comunicação. Nossas produções, nossas matérias, seja na Rádio, na TV, na agência, elas são replicadas pelo Brasil inteiro por diversos meses de comunicação. Por quê? Porque o Senado, a comunicação do Senado, sabe fazer bem o seu negócio, que é informar a população sobre o que acontece no Senado. Então o Senado, ele tem condição de checar a informação que chega sobre um fato que a gente está vendo que não é bem aquilo. Então como é que o Senado Verifica funciona? Uma pessoa recebe no seu WhatsApp, por exemplo, uma notícia igual, recentemente a gente teve, uma informação sobre o voto em preço. A informação dizia o seguinte, que o Senado tinha acatado um projeto de lei sobre o voto em preço. E que tinha aberto consulta pública para as pessoas opinarem sobre isso daí. O que não era verdade? Não é verdade, o Senado acatou. Na verdade, o Senado aceitou uma ideia legislativa que foi apresentada por um cidadão no site. A gente tem um site que é o eFidadani que permite essa participação. A aceitou essa ideia legislativa porque 20 mil pessoas apoiaram aquela ideia. Essa ideia virou uma sugestão e essa sugestão, ela é analisada na comissão e se aprovada, aí é que vai virar um projeto de lei. Se é discutido, se é aprovado, vai para a câmara, se a câmara aceita pode virar lei. Aí o que que aconteceu? Essa informação chega para o Senado Verifica. Para o serviço do Senado Verifica. A gente faz a checa, a gente vai ver se as informações estão corretas ou não. Com fontes fidediquinas, que são as fontes do Senado, a Secretaria Geral da Mesa, todos os setores que a gente tem dentro da casa. Aí a gente faz uma clasificação, que é bem simples. A gente procurou fazer uma coisa bem chuta para as pessoas entenderem bem. E essa informação pode ser fácil, pode ser fake ou ela pode ser imprecisa. Nesse caso era uma informação imprecisa. As informações pareciam verdadeiras, mas elas tinham imprecisões que manipulam a informação. O que faz com que as pessoas pensem que o negócio já está, são fadas contadas e não é bem assim. O cidadão encaminha isso por e-mail, a gente faz o checa, responde o cidadão e se for um assunto que a gente está vendo, que está repercutindo muito nas redes sociais, que foi esse caso do Voto Impresso. Isso é publicado num site, que é o site do Senado Verifica. E aí as pessoas têm acesso a todas as checagens lá. Qual que é o site, Ser? Deixa para os nossos ouvintes. O site é o www.senado.leg.br. E eu vou te perguntar para encerrar, como que o cidadão que está nos ouvindo pode participar do Senado Verifica e contribuir com esse enfrentamento às fake news? Ótimo. Para participar é bem simples. Você pode mandar um e-mail para o Senado Verifica. O e-mail é senadoverifica@senado.leg.br. Fácil de guardar. Senado verifica tudo junto. @senado.leg.br. A outra forma é o telefone do Senado, que é o 0800, com ligação gratuita de todo o Brasil, que é o 0800 061 221. A outra forma de participar também é pelo site do Senado Verifica, que é o www.senado.leg.br. Barra verifica, é só isso. E aí lá você vai encontrar um formulário de mensagem e em todas essas formas é boa a pessoa indicar qual foi a rede social em que recebeu a mensagem, que mensagem que era, se era um link, uma imagem, o que era para a gente poder se situar e buscar a informação. Basta isso. Mandando essa comunicação para a gente, a gente faz a verificação e diz para a pessoa que aquilo é fake, que é fato ou se é uma informação imprecisa. Sobre o Senado, né, Esther? Isso, sobre o Senado. Isso é um detalhe importante, Celso. O que? O Senado é a fonte primária de informação sobre o Senado. Então, quando tiver uma informação assim, é sobre o Senado, sobre a atividade legislativa, sobre o que está acontecendo aqui, a gente tem a condição de fazer essa checagem. As outras checagens não, aí tem as empresas, as agências de checagem que já fazem esse trabalho e tem ótimas empresas que fazem isso, ótimas agências que fazem isso e vale a pena até conhecer um pouco disso. Mas o Senado faz a checagem sobre o Senado. A gente conversou, então, com o Ester Monteiro, que é jornalista e responsável pelo canal Senado Verifica. Ela explicou para a gente essa relação entre fake news, liberdade de imprensa e deu todas as dicas aí para todo mundo ficar esperto quando se deparar, com alguma notícia e com indício de que seja uma fake news. Esther, muito obrigado por sua participação. Eu que agradeço, Celso. Se você tomou participar, vamos ajudar a combater fake news. Maravilha! A você que nos ouve, muito obrigado pela audiência e até o próximo Senado e você. Senado e você

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