Garotinho aponta ligação com crime organizado no governo do RJ — Rádio Senado
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Garotinho aponta ligação com crime organizado no governo do RJ

O ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, disse à CPI do Crime Organizado que o atual governador, Cláudio Castro, e o presidente afastado da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar, chefiam um esquema de corrupção com participação de organizações criminosas. Garotinho acusou Bacellar de receber propina em ouro para favorecer uma mineradora paraense em contratos públicos.

16/12/2025, 20h57 - atualizado em 16/12/2025, 21h04
Duração de áudio: 03:16
Foto: Carlos Moura/Agência Senado

Transcrição
O ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, disse à CPI do Crime Organizado que o atual governador do estado, Cláudio Castro, e o presidente afastado da assembleia legislativa, Rodrigo Bacellar – que no momento é monitorado por tornozeleira eletrônica por suspeita de obstrução de Justiça – chefiam um esquema de corrupção com participação de organizações criminosas. Era de Bacellar e de seus aliados, de acordo com Garotinho, a indicação dos chefes de polícia do estado. O ex-governador também disse que empresas ligadas à mineradora paraense Gana Gold foram beneficiadas em contratos públicos no Rio, por indicação do então presidente da Alerj, que teria sido pago em ouro. Descobri empresa dele no Rio de Janeiro. O que que essa empresa tem contrato? CEDAE [Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro], e a CEDAE, a indicação do presidente era do Bacellar, também. Aí, descobri que ele tinha uma sociedade no Espírito Santo, com uma outra firma, que tinha capital social em uma construtora no Rio, que tinha um contrato de R$ 400 milhões para fazer o aterramento do novo Guandú. Questionado pelo relator da CPI, senador Alessandro Vieira, do MDB de Sergipe, Garotinho citou ainda episódios que, de acordo com ele, comprovariam a interseção do Comando Vermelho com o Poder Público no Rio. Entre eles, o desfecho do furto de armas do arsenal de guerra de Barueri, em setembro de 2023. O ex-governador disse ter provas de que a recuperação das armas foi negociada pelo Exército e a secretaria de Segurança diretamente com os chefes do tráfico.    Ele acompanhou a ida   dos oficiais do Exército Brasileiro, até o chefe do Comendo Vermelho preso, e ele disse: "Ó, precisa ir na Rocinha, não. Amanhã cês vão num lugar lá em Jacarepaguá, chamado Gardênia. As armas vão tá dentro de um carro. E vocês podem pegar lá, não vai ter ninguém lá, não". Ocorreu tudo, ninguém foi preso, e as armas, faltando apenas um fuzil, todas as demais foram recuperadas. O senador Hamilton Mourão, do Republicanos do Rio Grande do Sul, que é vice-presidente da CPI, esclareceu que, no episódio das armas de Barueri, o Exército decidiu por uma operação de inteligência. No final das contas, é aquela história... Em troca de não haver uma operação que resultasse em alto grau de letalidade, se teve que entabular uma negociação tipo aquela. "Ó, você entrega o armamento ou nós vamo cercar isso aqui e tu vai ficar sem teu ganha pão durante uma porção de tempo". Garotinho, que já vive sob escolta, pediu à CPI que reforce sua segurança. Da Rádio Senado, Raíssa Abreu.

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