Diretor da PF aponta fraudes bilionárias na CPI do Crime Organizado
Na estreia da Comissão Parlamentar de Inquérito do Crime Organizado, o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, apontou fraudes bilionárias e defendeu a "asfixia financeira" das facções e milícias. Ele também cobrou o aumento do efetivo policial para as investigações. O presidente, senador Fabiano Contarato (PT-ES), criticou a infiltração criminosa no poder público, e o relator, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), prometeu projetos de lei para a área de inteligência.

Transcrição
A CPI do Crime Organizado iniciou seus trabalhos nesta terça-feira ouvindo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
O foco da comissão é investigar a estrutura financeira e a expansão territorial de facções e milícias.
O presidente da CPI, senador Fabiano Contarato, do PT do Espírito Santo,disse que o crime organizado não pode continuar ocupando espaços deixados pelo poder público, gerando um "Estado paralelo" que aterroriza a população.
Para ele, a comissão deve expor as conexões entre o crime, a política e a economia.
(senador Fabiano Contarato) "O crime organizado só se torna poderoso quando encontra portas abertas na economia, na política, no poder. E esta CPI tem o dever constitucional e moral de mostrar onde essas portas estão, quem as abriu, quem lucrou com isso."
O diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, defendeu que o combate ao crime organizado deve focar na "asfixia financeira" das quadrilhas, e não apenas em prisões isoladas.
Ao citar uma operação deflagrada nessa terça-feira contra fraudes bancárias que podem chegar a 12 bilhões de reais, envolvendo a venda ilícita de carteiras de crédito, Andrei afirmou que o dinheiro é o motor dessas organizações criminosas.
(Andrei Rodrigues) "O crime organizado tem que ser enfrentado com descapitalização, tirando o poder econômico e prendendo lideranças, retirando lideranças de circulação. Em 2023, apreendemos 3 bilhões. Em 2025, nós devemos chegar a cerca de R$9 bilhões efetivamente apreendidos. Não é bloqueio de contas, em que nunca vai surgir o dinheiro, isso é dinheiro, são imóveis, são veículos, aeronaves, embarcações."
Andrei Rodrigues defendeu a contratação de mais policiais federais e mais recursos no Orçamento.
Já o relator da CPI, senador Alessandro Vieira, do MDB de Sergipe, reforçou que vai buscar um diagnóstico para modernizar as leis e integrar os órgãos de inteligência.
(senador Alessandro Vieira) "Não há crime organizado, instalado, ramificado e com atuação regional ou nacional sem a existência da corrupção, não há como! A corrupção tem um papel fundamental na atuação de facções e milícias que se alastram pelos estados brasileiros."
O Diretor de Inteligência Policial da Polícia Federal, Leandro Almada da Costa, foi convidado, não compareceu à reunião e terá uma nova data agendada. Da Rádio Senado, Marcella Cunha.

