Debate expõe urgência na atualização de normas sobre exposição a benzeno no trabalho
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) discutiu os riscos da exposição ao benzeno, substância cancerígena presente na cadeia do petróleo. Representantes do governo e de sindicatos, ministérios e do MPT alertaram para a defasagem das normas brasileiras. O senador Paulo Paim (PT-RS) destacou que 7,3 milhões de trabalhadores podem estar potencialmente expostos ao produto.

Transcrição
Em audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais, representantes de diversos sindicatos de trabalhadores da indústria petroquímica e de postos de combustíveis debateram os riscos da exposição dos profissionais ao benzeno, uma substância química com potencial cancerígeno utilizada na cadeia de produção e distribuição do petróleo.
O senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, ressaltou a quantidade de trabalhadores que lidam com o produto tóxico.
E lembrou que a mortalidade por leucemia dessas pessoas atinge um valor 1,7 maior que o de outros profissionais.
(senador Paulo Paim) "Estima-se que mais de 7,3 milhões de trabalhadores estejam em grupos ocupacionais com potencial de exposição ao benzeno. Desse total, cerca de 770.000 trabalhadores foram considerados provavelmente expostos. São números que impõem a sociedade, ao Estado, o dever de proteção e não de tolerância."
Carlos Eduardo Ferreira, auditor do Ministério do Trabalho e Emprego, destacou que as normas devem ser atualizadas para o combate à exposição arriscada dos trabalhadores ao produto.
(Carlos Eduardo) "Nós aqui no Brasil estamos bastante defasados, atrasados em relação aos normativos internacionais que visam a proteção do trabalhador. A Europa discute isso já há muito mais tempo. Foi feita uma diretiva lá na Europa em 2004 e que ela vem sendo alterada de tempos em tempos e então essa discussão lá ganha um corpo muito grande."
Gerson Medeiros Cardoso, secretário de relações institucionais do sindicato dos trabalhadores nas indústrias petroquímicas de Porto Alegre e Triunfo, afirmou que algumas categorias de trabalhadores possuem índices e limites de proteção desde 1995.
Mas avalia ser urgente a inclusão de outros profissionais nessa normativa.
(Gerson Medeiros) "Tem categoria que não está coberta ainda por esse por esse acordo desde 95, que é os frentistas, que é o pessoal da distribuidora, quer os aeroviários, quer as oficinas mecânicas que nós temos que trazer para dentro desse acordo."
A audiência contou ainda com representantes do Ministério da Saúde e do Ministério Público do Trabalho.
Além de aposentadoria especial, os participantes da audiência solicitaram a diminuição do limite máximo de concentração de benzeno no ar nos locais de atividades profissionais, que hoje pode chegar a 2,5 partes por milhão para 0,5 parte. Da Rádio Senado, Rodrigo Resende.

