Ex-presidente de associação suspeita de fraude no INSS se cala na CPMI
O empresário Felipe Gomes compareceu à CPMI do INSS e, amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro do STF, Dias Toffoli, permaneceu em silêncio. Gomes é ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios, que, segundo a Polícia Federal, teria feito descontos indevidos em benefícios de aposentados, mediante o pagamento de propina a servidores do INSS. A Amar Brasil integra um grupo formado por outras três associações (Master Prev, ANDAPP e AASAP), que, juntas, faturaram cerca de R$ 700 milhões com os descontos nas aposentadorias.

Transcrição
EM DEPOIMENTO À CPMI DO INSS, EX-DIRIGENTE DE ASSOCIAÇÃO INVESTIGADA SE MANTÉM EM SILÊNCIO
FELIPE MACEDO GOMES FAZIA PARTE DA AMAR BRASIL, QUE FEZ DESCONTOS INDEVIDOS DE APOSENTADOS
O empresário Felipe Macedo Gomes foi ouvido na CPMI do INSS e, amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro Dias Toffoli, se manteve em silêncio. Gomes é ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios, que segundo a Polícia Federal, fez descontos indevidos de aposentados, mediante pagamento de propina a servidores do INSS. A Amar Brasil faz parte de um grupo que com outras três associações: Master Prev, ANDAPP e AASAP. Juntas, as associações faturaram R$ 700 milhões com descontos de aposentadorias. Felipe Gomes, que tem negócios em outras áreas como fintechs, construtoras e varejistas, doou 60 mil reais à campanha do ex-ministro da Previdência, Onyx Lorenzoni, ao governo do Rio Grande do Sul. O advogado do depoente, Levy Magno, explicou a postura do seu cliente perante à CPMI.
Então, eu não tenho, Senador, como classificá-lo como testemunha quando, na realidade, ele tem todas as características de alguém que está sendo investigado. Então, como ele pode, eventualmente, assinar um compromisso no qual tem a obrigação de dizer a verdade? Esse é um artigo que fica no art. 203 do Código de Processo Penal e que vem depois da palavra testemunha. Ele não pode se comprometer a isso.
O relator, deputado Alfredo Gaspar, do União de Alagoas, deu detalhes do suposto esquema e lamentou o silêncio do depoente.
Então, essas quatro associações que retiraram mais de R$700 milhões usaram a mesma estrutura criminosa, advogado igual, contador igual, funcionários corruptos iguais. E o sistema brasileiro de integridade na previdência não funcionou. Essas pessoas passaram incólumes até este ano. E, quando vêm para cá para explicar por que roubaram dinheiro de aposentado e pensionista, conseguem um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, e isso eu não consigo suportar.
O colegiado volta a se reunir na próxima quinta-feira e deve ouvir o ex-procurador-geral do INSS Virgílio Ribeiro de Oliveira Filho e a esposa dele, Thaisa Hoffmann. Os dois são alvo de investigação por compras de luxo, incluindo carros e imóveis. Da Rádio Senado, Pedro Pincer.

