Indústria e agronegócio reagem a "tarifaço" dos EUA em debate sobre Brasil Soberano
A Comissão Mista que analisa a Medida Provisória do Plano Brasil Soberano debateu os impactos do "tarifaço" imposto pelos Estados Unidos. Representantes da indústria e do agronegócio apontaram dificuldades para se ajustar e redirecionar as exportações. O relator da MP, senador Fernando Farias (MDB-AL), classificou a medida provisória como "muito boa" e demonstrou preocupação com os pequenos produtores.

Transcrição
SETORES AFETADOS PELA TAXAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DEBATERAM IMPACTOS DO "TARIFAÇO" EM COMISSÃO MISTA.
A INDÚSTRIA E O AGRONEGÓCIO CONFIRMARAM A QUEDA DE MAIS DE 20% NAS EXPORTAÇÕES DEVIDO ÀS TARIFAS NORTE-AMERICANAS. A REPÓRTER MARINA DANTAS TRAZ MAIS DETALHES:
A Comissão Mista do Congresso Nacional que analisa a medida provisória que cria o Plano Brasil Soberano recebeu representantes da indústria e do agronegócio para debater as formas de enfrentar os impactos econômicos vindos da taxação unilateral de até 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o chamado "tarifaço".
O assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Guilherme Costa Rios, explicou que vários setores comerciais afetados pelas tarifas estão tentando se ajustar à nova realidade, mas que isso nem sempre é uma tarefa fácil.
(Guilherme Costa Rios): " Um exemplo, o setor de carne. Nós tivemos nos Estados Unidos nosso segundo principal destino, Mas desde então a gente vem trabalhando ali para encontrar substitutos Mas para outras cadeias isso não tem acontecido. Alguns setores como fruta e mel, por exemplo, que tinham grande dependência do mercado americano, têm enfrentado alguns problemas adicionais. Para a Madeira, por exemplo, muitas dessas empresas são com seus pátios lotados de material."
O presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho, destacou que as tarifas dos Estados Unidos afetam diretamente a exportação de frutas perecíveis e cobrou apoio aos pequenos produtores. Jairo Gund, da indústria de pescados, apontou dificuldade em redirecionar produtos a outros mercados. O mesmo problema foi citado por Paulo Pupo, do setor de madeira processada. Já Dyogo Oliveira, do setor de seguros, avaliou que a MP traz soluções adequadas ao cenário atual.
Em dois meses da taxação extra, as exportações da indústria caíram mais de 20% comparado ao mesmo período do ano passado, explica o diretor-adjunto de Desenvolvimento Industrial, Tecnologia e Inovação da Confederação Nacional da Indústria, Mario Sergio Carraro Teles. Porém, de acordo com o representante, o Plano brasil Soberano vem com boas medidas de ajuda.
(Mario Sergio Carraro Teles): "As medidas propostas foram muito positivas, vão na direção correta. Então a gente tem medidas tributárias, como a questão do diferimento do pagamento de tributos. Temos , a priorização do ressarcimento de créditos tributários. Nas medidas de financiamento também, eu gostaria de destacar não só as linhas de financiamento, mas o aporte de recursos aos fundos garantidores, que vão ajudar a questão principalmente dos pequenos."
A audiência pública foi realizada como parte da avaliação da medida provisória. O relator da MP, senador Fernando Farias, do MDB de Alagoas, classificou o Plano Brasil Soberano como muito bom e mencionou a preocupação com os pequenos produtores.
(Fernando Farias): "Voltamos para os pequenos, né, como chegar nos pequenos. Essa medida do governo foi muito boa, nós temos dinheiro, nós temos aí 40 bi para proporcionar isso. A fruta, pesca, eu acho que acredito também a madeira, que eu não conheço bem mas estou conhecendo, com certeza serão alcançadas."
O Programa Brasil Soberano ainda passará por mais 2 audiências públicas. Sob supervisão de Samara Sadeck, da Rádio Senado, Marina Dantas.

