Senado analisa mudanças feitas pela Câmara em projeto do e-Cidadania sobre autismo — Rádio Senado
Inclusão

Senado analisa mudanças feitas pela Câmara em projeto do e-Cidadania sobre autismo

O projeto de lei (PLS 169/2018) pode se tornar a primeira proposição apresentada via portal e-Cidadania a ser aprovada pelo Congresso Nacional. A proposta retornou ao Senado após ser modificada pelos deputados federais. O texto original previa a criação de centros exclusivos de atendimento integral para pessoas com autismo no SUS, mas os deputados transferiram essa responsabilidade para os Centros de Reabilitação já existentes. Agora, caberá aos senadores decidir se mantêm essas mudanças ou retomam a versão inicial, defendida por famílias e entidades que atuam na área.

02/10/2025, 19h53 - atualizado em 02/10/2025, 20h01
Duração de áudio: 02:56
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Transcrição
PELA PRIMEIRA VEZ, UMA IDEIA LEGISLATIVA APRESENTADA NO PORTAL E-CIDADANIA DO SENADO PODE SER APROVADA COMO LEI. A PROPOSTA, QUE SURGIU DE UMA MÃE CEARENSE, BUSCA GARANTIR ATENDIMENTO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM AUTISMO NO SUS. A REPORTAGEM É DE PAULO BARREIRA. O processo de sugestão legislativa permite que qualquer cidadão apresente ideias ao Senado pelo portal E-Cidadania. Quando uma proposta recebe mais de 20 mil assinaturas, ela passa a ser analisada pela Comissão de Direitos Humanos. Foi assim que nasceu o projeto de Irene Jucá, cearense, assistente social e mãe de Letícia, uma jovem autista. A iniciativa obteve apoio nacional e se transformou no primeiro projeto mais próximo de virar lei recebido pelo e-cidadania  O texto original previa a criação de centros de atendimento integral em todas as unidades da federação, garantindo diagnósticos precoces, terapias multiprofissionais e medicamentos fornecidos pelo SUS. Mas, ao ser analisada na Câmara, a proposta foi alterada: em vez de centros exclusivos, o atendimento ficaria restrito às estruturas já existentes, como os Centros Especializados em Reabilitação. Mas Irene defende que a criação de centros próprios seria fundamental para evitar o diagnóstico tardio, um dos principais entraves para o desenvolvimento de sua filha, hoje com 31 anos. (Irene Jucá) "A gente precisa, urgentemente, que o país se dê conta da necessidade desse suporte acontecer de forma regular. Nós não pensamos só nos nossos filhos e também não pensamos só no Ceará, a gente pensou no país, para as crianças, independente do lugar onde elas morem, que elas possam ter acesso ao suporte necessário para o seu melhor desenvolvimento, a sua melhor autonomia, ter sobretudo, qualidade de vida". Flávia Marçal, diretora da Associação Brasileira de Autismo, lembra que o Legislativo tem papel central não só em ouvir, mas também em garantir recursos e políticas consistentes. Flávia faz um apelo aos senadores para que deem voz à experiência das famílias. (Flávia Marçal) “É importante destacar o passo significativo de escuta de pais e mães atípicos, porque são eles que muitas vezes enfrentam os maiores desafios, especialmente quando nós falamos de pessoas com autismo de nível 2 e 3 de suporte, que demandam uma atenção maior e um cuidado maior em relação às suas questões de autonomia. Flávia espera que o texto final a ser aprovado fortaleça a rede de atenção e assegure financiamento permanente para os serviços. (Flávia Marçal) “A expectativa com a aprovação dessa legislação é que haja o fortalecimento da atenção às pessoas com o transtorno do espectro de autismo e suas famílias, alinhada inclusive ao fortalecimento do orçamento voltado ao financiamento dessas ações". Agora, caberá ao Senado analisar o substitutivo que veio da Câmara. Os senadores podem aprovar do jeito que chegou, voltar ao texto original ou sugerir novas mudanças. Sob a supervisão de Samara Sadeck, da Rádio Senado, Paulo Barreira.

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