Gestores ambientais da Amazônia atribuem atrasos em desembargos aos donos da terra
Os secretários de Estado de Meio Ambiente da Amazônia Legal disseram, nesta quarta-feira (17), à subcomissão criada para investigar os embargos de terra feitos pelo Ibama, que os atrasos nos processos de desembargo não dizem respeito aos órgãos de execução, mas aos próprios donos da terra. “A gente tem um grande número de análises, mas não tem o compromisso de regularização”, disse Adriana Barbosa, do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas.

Transcrição
OS SECRETÁRIOS DE MEIO AMBIENTE DA AMAZÔNIA LEGAL DISSERAM NESTA QUARTA-FEIRA QUE QUEM ATRASA OS PROCESSOS DE LICENCIAMENTO E DESEMBARGO AMBIENTAL SÃO OS PROPRIETÁRIOS RURAIS.
A DECLARAÇÃO FOI FEITA EM AUDIÊNCIA DA SUBCOMISSÃO CRIADA PARA INVESTIGAR DENÚNCIAS DE IRREGULARIDADES EM FISCALIZAÇÕES DO IBAMA. REPÓRTER RAÍSSA ABREU.
A subcomissão temporária criada para analisar os embargos de terra feitos pelo Ibama ouviu secretários de meio ambiente de estados da Amazônia Legal. A audiência aconteceu a pedido do senador Hamilton Mourão, do Republicanos do Rio Grande do Sul, a partir de denúncias de falta de transparência nos editais de embargo e de demora excessiva na análise de Cadastro Ambiental Rural (CAR), documento que permite o licenciamento. É o que explica o senador Jaime Bagattoli, (Bagátoli) do PL de Rondônia, presidente da subcomissão.
O cerne da gestão que nos traz aqui é um verdadeiro impasse. Sem a análise e a validação do CAR, não é possível desembargar as áreas. Ora, como o produtor pode resolver suas pendências se ele depende de uma análise que não acontece? Ele fica preso em um limbo, muitas vezes com suas atividades bloqueadas, multas sendo aplicadas e sua subsistência comprometida sem o devido processo legal.
De acordo com os gestores, a alegada demora na conclusão dos processos não diz respeito aos órgãos executores. A secretária do Meio Ambiente de Mato Grosso, por exemplo, Mauren Lazaretti, disse que o estado dá prioridade à análise do CAR, além de simplificar o pagamento das multas para os pequenos produtores.
Já Adriana Barbosa, do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas, disse que em geral quem atrasa o licenciamento não é o órgão fiscalizador, mas o proprietário da terra.
Não é uma questão de ter o CAR analisado, é uma questão de ter uma proposta de recomposição aprovada, é uma questão de ter uma pactuação do proprietário com o órgão a fim de sanar esse passivo ambiental. E é aí que está o gargalo, porque a gente tem um grande número de análises, mas a gente não tem essa proposta, e a assinatura desse termo, e esse compromisso de regularização.
O secretário-executivo de Meio Ambiente de Rondônia, Hueriqui Pereira, disse acreditar que inconsistências na regularização fundiária das propriedades da Amazônia Legal podem explicar o receio dos produtores. Ele sugeriu à comissão que proponha um acordo de colaboração técnica entre o Ibama e o Incra para resolver o impasse.
O senador Jaime Bagattoli informou que o colegiado vai realizar uma diligência externa na cidade de Porto Velho nos dias 16 e 17 de outubro para apurar denúncias de embargo preventivo de propriedades rurais por parte do Ibama.
Da Rádio Senado, Raíssa Abreu.

