Senado debate falta de apoio a mulheres em situação de alcoolismo
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) realizou audiência pública nesta terça-feira (16) para discutir o aumento do consumo abusivo de álcool entre mulheres brasileiras. A iniciativa da senadora Leila Barros (PDT-DF) destacou as vulnerabilidades específicas enfrentadas por mulheres alcoolistas e a falta de rede de apoio adequada durante o tratamento. Projetos em análise no Senado tratam do tema, como a restrição à publicidade de bebidas alcoólicas (PL 2502/2023) e a criação de programa de atenção à saúde das mulheres dependentes de álcool (PL 2880/2023).

Transcrição
A COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS DISCUTIU O CONSUMO ABUSIVO DE ÁLCOOL ENTRE MULHERES.
A AUDIÊNCIA PÚBLICA TEVE COMO FOCO ALERTAR A POPULAÇÃO SOBRE OS RISCOS E APONTAR CAMINHOS PARA PREVENÇÃO E TRATAMENTO. QUEM TRAZ OS DETALHES É O REPÓRTER PAULO BARREIRA.
Entre os principais desafios apontados na audiência pública realizada pela Comissão de Assuntos Sociais estão o aumento do consumo abusivo de álcool entre mulheres e a falta de rede de apoio para tratamento. O debate reuniu especialistas para discutir uma realidade que já não se restringe a um perfil específico e atinge diferentes classes sociais e faixas etárias.
Os especialistas destacaram que, em comparação aos homens, as mulheres sofrem consequências mais graves mesmo em doses menores, evoluem mais rapidamente para o vício e enfrentam riscos ainda maiores durante a gestação e a amamentação. Além disso, lidam com barreiras como maior prevalência de transtornos como ansiedade e depressão, além de violência doméstica e abuso sexual.
A iniciativa do debate foi da senadora Leila Barros, do PDT do Distrito Federal, que defendeu a necessidade de políticas públicas voltadas à prevenção e à saúde da mulher.
(senadora Leila Barros) “O consumo abusivo de álcool é responsável por inúmeros impactos sociais, econômicos e de saúde pública. Esta audiência é um passo fundamental para compreendermos melhor o fenômeno do alcoolismo entre as mulheres e, principalmente, para avançarmos na construção de respostas legislativas e de políticas públicas que protejam a saúde, a dignidade e, claro, o futuro de todas nós brasileiras”.
Um ponto em comum durante o debate foi a defesa da criação de leis que regulem a publicidade e o marketing de bebidas alcoólicas, especialmente nas redes sociais, onde anúncios chegam também a menores de idade. A assessora da ACT Promoção da Saúde, Juliana Ferreira, alertou para o risco de a indústria usar a emancipação feminina para vender mais álcool.
(Juliana Ferreira) “É necessário impedir a normalização do álcool porque, assim, a gente olha para a saúde dessas mulheres também e a gente não pode deixar que a indústria se utilize de uma pauta tão louvável para lucrar em cima da saúde dessas mulheres porque consumo não significa emancipação”.
No Senado já tramitam propostas sobre o tema. A primeira, de autoria do senador Styvenson Valentim, do PSDB do Rio Grande do Norte, pretende restringir propagandas de bebidas alcoólicas, nos moldes do que já foi feito com o cigarro. Já a segunda, que veio da Câmara, busca criar um programa de saúde específico no SUS voltado ao atendimento de mulheres alcoolistas. Sob a supervisão de Samara Sadeck, da Rádio Senado, Paulo Barreira.

