Mulheres frentistas relatam assédio e privação de direitos
Representantes das trabalhadoras frentistas relataram à Comissão de Direitos Humanos nesta segunda-feira (11) que vêm sendo submetidas a situações de assédio e de privação de direitos trabalhistas básicos. Segundo elas, grávidas têm sido mantidas em ambientes insalubres e demitidas assim que retornam da licença-maternidade. Além disso, trabalhadoras teriam sido demitidas por cobrar de seus empregadores o direito adquirido a dois domingos de folga por mês.

Transcrição
NESTA SEGUNDA-FEIRA, TRABALHADORAS DE POSTOS DE GASOLINA RELATARAM ABUSOS NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO. A AUDIÊNCIA PÚBLICA FOI NA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS. REPÓRTER RAÍSSA ABREU.
Representantes das trabalhadoras frentistas relataram à Comissão de Direitos Humanos que vêm sendo submetidas a situações de assédio e de privação de direitos trabalhistas básicos.
Segundo elas, grávidas têm sido mantidas em ambientes insalubres e demitidas assim que retornam da licença maternidade. Além disso, trabalhadoras teriam sido demitidas por cobrar de seus empregadores o direito adquirido a dois domingos de folga por mês.
De acordo com Telma Maria Cardia, Secretária da Mulher da Federação Nacional dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo, FENEPOSPETRO, as mulheres representam 35% dos cerca de 500 mil trabalhadores frentistas do país. Segugndo ela, para essas mulheres, engravidar costuma ser uma sentença.
(Telma Maria Cardia) "Nós entramos num acordo pra que a empresa pague essas mulheres em casa. Perde o ticket refeição, vale transporte, o adicional de periculosidade ela perde, também, quando é o momento mais crucial da vida dela, que ela necessita. A última estatística mostrou que quase 50% das mulheres são mãe-solo, que realmente precisam trabalhar. E o mais agravante: quando essas mulheres retornam, terminou a estabilidade de um mês, mais 30 dias, elas são demitidas."
Ainda segundo a secretária da Federação, muitos empresários do setor usam os corpos das frentistas para atrair clientes. As trabalhadoras teriam que usar uniformes diferentes daqueles usados pelos colegas homens, feitos, muitas vezes, de material corrosivo.
(Telma Maria Cardia) "É preciso de uma legislação muito mais séria nesse sentido, para que essas mulheres não sejam expostas da maneira como elas são expostas. Você é obrigado a usar essas roupas, você é assediada e muitas vezes nós precisamos do trabalho e nós nos calamos."
A audiência foi solicitada pelo senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, a pedido da própria Federação. O senador se comprometeu a conversar com as lideranças do Senado para apressar a tramitação de um projeto apresentado por ele em 2017, que revoga alterações feitas na CLT durante a reforma trabalhista para que gestantes ou lactantes que trabalhem em locais insalubres possam ser afastadas sem perda de benefícios.
(senador Paulo Paim) "O Brasil entende o absurdo que é ter que desistir do sonho de ter um filho, uma filha, pra manter o emprego. Você está expondo aqui uma realidade que há lá fora. Mais do que nunca eu assumo aqui a responsabilidade de trabalhar muito em cima desse projeto."
O projeto que revoga trechos da Reforma Trabalhista aguarda relator na Comissão de Assuntos Econômicos. Da Rádio Senado, Raíssa Abreu.

