Senadores debatem estratégias do Brasil ao tarifaço de Trump
A Comissão de Relações Exteriores (CRE) discutiu a estratégia que o Brasil deve adotar em resposta ao aumento das tarifas de importação de produtos brasileiros que o governo Trump anunciou, e que entra em vigor em 1º de agosto (REQ 17/2025).

Transcrição
A COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES DEBATEU AS ESTRATÉGIAS QUE O BRASIL DEVE ADOTAR DIANTE DO AUMENTO NAS TARIFAS DE IMPORTAÇÃO ANUNCIADO PELOS ESTADOS UNIDOS. REPÓRTER CESAR MENDES.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Nelsinho Trad, do PSD de Mato Grosso do Sul, alertou que a tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil pelos Estados Unidos a partir do dia primeiro de agosto já afeta o agronegócio.
O debate promovido pelo colegiado buscou justamente articular uma estratégia pragmática de resposta às medidas impostas pelo governo norte-americano, sem deixar que divergências comerciais se transformem em um espetáculo político, como explicou Nelsinho.
(senador Nelsinho Trad) "A crise recente que todos acompanhamos evidenciou que precisamos agir de forma coordenada, propositiva e madura. O comércio internacional não é, e nem pode ser, tratado como um campo de batalha ideológica ou partidária. É uma agenda de Estado e deve ser guiada pelo pragmatismo e pela responsabilidade; com foco no que realmente importa: Gerar emprego e oportunidades para a população brasileira."
O representante da Confederação Nacional da Indústria, Jefferson Gomes, disse que neste momento, negociar com os Estados Unidos é fundamental para empresas, como as de madeira e metalurgia. Ele pediu que a ameaça de reciprocidade feita pelo governo brasileiro seja a última ferramenta a ser adotada.
Michel Platini Juliani, da Associação Brasileira dos Importadores, alertou sobre os riscos do que ele chamou de reflexo reverso das tarifas para os importadores, inclusive de produtos que abastecem a nossa indústria.
(Michel Platini Juliani) "Se houver a reciprocidade ampla e restrita, como vem se discutindo, nós vamos atingir frontalmente todo o mercado de importação do Brasil."
O representante do Ministério das Relações Exteriores, Philip Fox, disse que o governo brasileiro sempre deu prioridade ao relacionamento bilateral com os Estados Unidos, o segundo maior parceiro comercial e o maior investidor direto no país.
Mas declarou que desde o início, o governo Trump adotou a narrativa de que as tarifas brasileiras eram elevadas.
(Philip Fox) "É importante notar que os Estados Unidos têm mantido superávit com o Brasil em bens e sem serviços, pelo menos nos últimos 15 anos."
Relatora da Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada em abril, a senadora Tereza Cristina, do Progressistas de Mato Grosso do Sul, disse que o projeto cria uma ferramenta de defesa e não de confronto.
Ela criticou o que chamou de erro no protagonismo assumido pelo Brasil em defesa de uma segunda moeda para uso dos Brics. E pediu a união de todos em defesa dos interesses nacionais nesse momento.
(senadora Tereza Cristina) "Nós agora, como brasileiros, precisamos trabalhar em conjunto, unidos, para que possamos minimizar esse desastre que serão essas tarifas."
Nelsinho Trad anunciou a criação de um grupo parlamentar para negociar com o congresso norte-americano as tarifas comerciais entre os dois países. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.

