Estudo sinaliza desertificação no norte da Bahia
No mês em que celebramos o Dia Mundial de Combate à Desertificação, em 17 de junho, um estudo divulgado em 2023 pelo Cemaden/INPE/MCTI aponta indícios do que pode vir a ser o primeiro deserto do país, na região de Curaçá, ao norte da Bahia. Coordenador da equipe Caatinga do Projeto Mapbiomas, o professor Washington Rocha explica que a desertificação é uma degradação ambiental típica do bioma Caatinga e que se torna uma ameaça ainda mais consistente no cenário de mudança climática.

Transcrição
NESTE MÊS DE JUNHO, EM QUE CELEBRAMOS O DIA MUNDIAL DE COMBATE À DESERTIFICAÇÃO, UM ALERTA DE PESQUISADORES BRASILEIROS APONTA INDÍCIOS DO QUE PODE VIR A SER O PRIMEIRO DESERTO DO PAÍS. REPÓRTER CESAR MENDES.
Um estudo realizado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), divulgado no final de 2023, identificou características de clima árido no Brasil, numa região situada ao Norte da Bahia.
Foi a primeira vez que esse tipo de característica foi detectada no país que, tradicionalmente, registrava apenas a presença do clima semiárido.
O estudo apontou também o aumento de áreas com clima semiárido em praticamente todo o país, exceto na região Sul e no litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro, associando o fenômeno a processos relacionados com o Aquecimento Global.
Um alerta importante no mês em que celebramos o Dia Mundial de Combate à Desertificação, em 17 de junho, como explica o professor Washington Rocha, coordenador da Equipe Caatinga do projeto Mapbiomas.
(Washington Rocha) "A desertificação é uma degradação ambiental típica do bioma Caatinga e ela se torna uma ameaça mais consistente no cenário de mudança climática. Recentemente, o Cemaden, que faz o monitoramento de diversos tipos de desastres naturais no Brasil todo, detectou no núcleo do bioma Caatinga, no Norte do estado da Bahia, região ali de Curaçá e demais municípios, o primeiro registro de dados climáticos que tipificam o clima árido".
Segundo Washington, o alerta do Cemaden não significa que já esteja acontecendo uma "aridização" do semiárido típico da Caatinga, mas ele lembra também que o IBGE já apontou, no ano passado, o crescimento dos limites do semi-árido: 28 milhões de hectares sobre o bioma Cerrado e 6,3 milhões de hectares sobre a Mata Atlântica.
(Washington Rocha) "O IBGE utiliza diversos critérios combinados para definir essa área, entre eles a média de precipitação anual abaixo de 800 milímetros; o risco de seca maior do que 60%; também a continuidade territorial, não pode ser ilhas separadas porque não teria significado climático; e também o índice de aridez alto que é calculado a partir do balanço hídrico, relacionando a precipitação e a evapotranspiração potencial. Aliás, esse índice de aridez também é um critério utilizado pelas Nações Unidas para definir as chamadas áreas susceptíveis à desertificação."
No caso do bioma Caatinga, as áreas de desertificação já identificadas estão associadas à ação do homem nos processos de degradação do solo e de desmatamento; e ao estresse hídrico causado por períodos de seca prolongada, intensificado pela mudança climática.
Por isso, Washington Rocha lembra que para enfrentarmos a desertificação, não basta preservar o bioma Caatinga, mas é preciso também restaurar a vegetação nativa degradada. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.

