IFI projeta dívida acima de 100% do PIB e cobra avanço em reforma fiscal — Rádio Senado
Contas Públicas

IFI projeta dívida acima de 100% do PIB e cobra avanço em reforma fiscal

A Instituição Fiscal Independente (IFI) divulgou nesta terça-feira (24) um novo relatório com projeções preocupantes para as contas públicas. O diretor Alexandre Andrade explicou que tendência é de crescimento contínuo das despesas obrigatórias, enquanto as receitas mostram sinais de estabilização. Com isso, a IFI projeta déficits sucessivos e alta acelerada da dívida pública nos próximos anos, o que coloca em xeque a sustentabilidade do atual regime fiscal e reforça a necessidade de uma reforma.

24/06/2025, 14h10 - atualizado em 24/06/2025, 14h16
Duração de áudio: 03:16
artalvesmon/Freepik.com

Transcrição
A DÍVIDA DO GOVERNO VAI PASSAR DE 100% DO PIB EM 2030. E SÓ UMA REFORMA PODE EVITAR O AGRAVAMENTO DA CRISE FISCAL. É O QUE APONTOU O NOVO RELATÓRIO DA INSTITUIÇÃO FISCAL INDEPENDENTE, DIVULGADO NESTA TERÇA-FEIRA. REPÓRTER MARCELLA CUNHA.   No Relatório de Acompanhamento Fiscal de junho, a Instituição Fiscal Independente revisou de 2% para 2,4% a projeção de crescimento do PIB para este ano. O aumento foi impulsionado pelo bom resultado da economia registrado no primeiro trimestre, com destaque para o setor agropecuário, além de um mercado de trabalho aquecido, o que amplia o poder de compra das famílias. Mesmo com essa melhora na atividade econômica, o cenário fiscal continua desafiador. O documento aponta para o risco de déficits primários contínuos e o crescimento da despesa obrigatória. A consequência mais alarmante é o avanço da Dívida Bruta do Governo Geral, como explicou o diretor da IFI, Alexandre Andrade. (Alexandre Andrade) "A dívida bruta do governo geral em proporção do PIB deverá continuar a subir nos próximos anos. De acordo com as nossas contas, a dívida bruta ultrapassaria a marca de 100% do PIB em 2030. E continuaria a subir até 2035. Essa atualização de projeções indica um cenário ainda bastante desafiador, tanto para o curto prazo quanto para o médio prazo." Para 2025, a IFI estima um déficit primário de R$ 83 bilhões de reais, o equivalente a 0,66% do PIB. Em 2032, esse rombo pode triplicar, chegando a 3% do PIB. Entre os fatores que pressionam os gastos estão os novos fundos da reforma tributária, a indexação de despesas ao salário mínimo e a vinculação constitucional para saúde e educação. Apesar de apertada, a IFI calcula que a meta de resultado primário para este ano será formalmente cumprida.  Segundo Alexandre Andrade, sem o controle das despesas obrigatórias, o governo continuará tendo rombos nas contas públicas nos próximos anos. (Alexandre Andrade) "A IFI espera a realização de sucessivos déficits primários do governo central em razão principalmente do crescimento da despesa primária, em particular do gasto obrigatório. Essa despesa primária alcançaria níveis acima de 20% do PIB no final do horizonte de projeção, ao mesmo tempo em que a receita primária líquida eh sairia de um nível de 18,3% do PIB em 2025 e convergiria para a um nível de 17,7% do PIB em 2035." O relatório da IFI de junho também destaca que as metas previstas no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2026 são consideradas inatingíveis. Isso porque o contingenciamento necessário reduziria as despesas discricionárias a um nível insustentável para o funcionamento da máquina pública. As projeções da IFI indicam a insustentabilidade do atual regime fiscal, colocando em xeque a sobrevivência do arcabouço fiscal e apontando para a necessidade de uma profunda reforma fiscal. Da Rádio Senado, Marcella Cunha.

Ao vivo
00:0000:00