CPI das Bets: saúde mental de apostadores é desafio para o SUS
Em depoimento à CPI das Bets nesta terça-feira (1º), o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, afirmou que o SUS não tem estrutura para enfrentar o desafio da ludopatia, defendeu investimentos na área e pediu que o Congresso restrinja ou proíba os jogos no país. Já a representante do Ministério da Saúde, Sônia Barros, elencou as frentes de trabalho do governo para enfrentar o problema. A relatora da CPI, senadora Soraya Tronicke (Podemos-MS), disse que o relatório final trará propostas "severas" para conter o vício em apostas.

Transcrição
A CPI DAS BETS DEBATEU, NESTA TERÇA-FEIRA, O IMPACTO DAS APOSTAS ONLINE NA SAÚDE MENTAL DOS BRASILEIROS. ENTRE OS DESAFIOS PARA ENFRENTAR O PROBLEMA, ESTÁ A FALTA DE ESTRUTURA DA REDE PÚBLICA DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL.
A RELATORA DA CPI DEFENDEU REGRAS PARA LIMITAR AS APOSTAS NO PAÍS E PREVENIR O VÍCIO EM JOGOS. REPÓRTER MARCELA DINIZ:
Diversão, adrenalina e alívio do stress estãos entre os objetivos de quem faz apostas online, mas, para 53% dos apostadores, de acordo com o Instituto Locomotiva - o objetivo é mesmo ganhar dinheiro. Esse dado foi citado pelo presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, em audiência na CPI das Bets sobre o vício nos jogos online. Ele alerta que a maior motivação dos apostadores não passa de uma ilusão:
(Antônio Geraldo da Silva - Associação Brasileira de Psiquiatria) "Não existe nenhuma possibilidade da pessoa enriquecer, as bets sempre ganham."
Antônio Geraldo da Silva também afirmou que o SUS não tem estrutura de suporte para Saúde Mental e defendeu que o Congresso restrinja ou mesmo proíba as bets no país:
(Antônio Geraldo da Silva - Associação Brasileira de Psiquiatria) "A situação hoje é grave. Então, agradecemos demais se pudermos nessa Casa ajudar a promover saúde fazendo restrições ou até proibição ligada a jogos; e pedimos que possam investir mais na área de saúde mental, na psiquiatria, na psicologia, porque nós dependemos disso para tratar desses que já estão dentro do vício."
A diretora do Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Sônia Barros, citou, entre as ações do governo para enfrentar o problema, o "Plano de Ação de Saúde Mental e Prevenção do Jogo Problemático" em elaboração por um grupo de trabalho interministerial; a expansão da Rede de Atenção Psicossocial e o investimento em pesquisas sobre o tema:
(Sônia Barros - Ministério da Saúde) "Como todos os problemas de saúde, de um modo geral, a gente não tem resolução imediata. É processual e a gente inicia. Nós estamos fazendo isso por meio da expansão da Rede - isso está sendo executado - e por meio da qualificação das equipes para que possam melhor atender a essa população e a todas as outras, também."
O senador Izalci Lucas, do PL do Distrito Federal, defendeu que o Congresso aprove projetos que ajudem a mitigar os transtornos causados pelos jogos, como a limitação das propagandas:
(senador Izalci Lucas) "Essa questão das propagandas, a gente vai ter, de fato, que limitar isso, porque tudo que você vai fazer, você abre o celular aqui, ou qualquer coisa, está lá, a propaganda das bets. Bets para todo lado."
A relatora da CPI das Bets, senadora Soraya Tronicke, do Podemos de Mato Grosso do Sul, classificou o vício em apostas online como "uma pandemia" e disse que o relatório final da comissão incluirá regras rígidas sobre o assunto:
(Soraya Tronicke - relatora da CPI das bets) "Nós já estamos trabalhando numa regulamentação bastante severa, com limitação de jogos, de participação semanal, com um stop no cartão de crédito."
A próxima reunião da CPI das Bets será na terça, dia 8, e o convidado é o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Da Rádio Senado, Marcela Diniz.