Senador pede mudanças sobre patentes em projeto de reciprocidade ambiental
O projeto de lei (PL 2088/23) discutido na Comissão de Assuntos Econômicos pretende garantir que bens importados atendam aos mesmos padrões ambientais exigidos dos produtos nacionais. Proposto pelo senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), altera a Política Nacional sobre Mudança do Clima e introduz um princípio de reciprocidade ambiental. O senador Oriovisto Guimarães (PSDB-PR) pediu mais tempo para analisar o projeto, destacando preocupações sobre a propriedade intelectual, especialmente em relação à suspensão de patentes. A relatora, Tereza Cristina (PP-MS), enfatizou que a intenção não é quebrar patentes, mas fortalecer a negociação do Brasil em caso de impasse. Ela também explicou que o projeto é uma resposta à "lei antidesmatamento" da União Europeia, que pode prejudicar as exportações brasileiras.

Transcrição
O SENADO SE PREPARA PARA VOTAR UM PROJETO QUE IMPÕE RECIPROCIDADE AMBIENTAL A PRODUTOS IMPORTADOS.
A COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS DEVE ANALISAR A PROPOSTA NA TERÇA-FEIRA APÓS RECEBER SUGESTÕES EM RELAÇÃO À PROPRIEDADE INTELECTUAL. REPÓRER MARCELLA CUNHA.
Em discussão na Comissão de Assuntos Econômicos, o projeto obriga que bens importados atendam aos mesmos padrões ambientais que são exigidos dos produtos nacionais. O texto do senador Zequinha Marinho, do PL do Pará, altera a Política Nacional sobre Mudança do Clima para estabelecer um princípio de reciprocidade ambiental no mercado brasileiro.
Por que nós temos que dizer "sim", abaixar a cabeça e fazer acordos que nos prejudicam? A gente precisa começar a conversar melhor, de igual para igual, até porque, quando o senhor parte para as vantagens comparativas do Brasil com qualquer país lá fora, a gente dá - como diz também lá na minha terra - uma surra inesquecível em todo mundo, né?
O senador Oriovisto Guimarães, do PSDB do Paraná, pediu mais uma semana para analisar o projeto ao citar alguns artigos podem afetar a propriedade intelectual, como a possibilidade de suspender patentes de países que impõem restrições ambientais ao Brasil. A relatora, senadora Tereza Cristina, do PP do Mato Grosso do Sul, incluiu tarifas comerciais e aspectos sociais e trabalhistas, fortalecendo a capacidade do Brasil de adotar medidas comerciais defensivas. Segundo Tereza, a intenção não é quebrar patentes, mas sim garantir que o Brasil tenha uma ferramenta de negociação forte.
Ninguém quer quebrar a propriedade intelectual, mas nós temos que ter uma arma na mão caso não se chegue a acordo nenhum. Então, nós não podemos comprar um canhão e ter um festim como bala, mas isso é para usar em último caso, não é uma regra. A dosimetria foi muito pensada, porque este projeto está sendo gestado já há muito tempo, para que nós não fôssemos intolerantes, mas que a gente tivesse uma rampa tanto de subida quanto de descida, para proteger os vários setores produtivos brasileiros, não só o agronegócio, que hoje é o que tem a mira.
Tereza Cristina disse que o projeto é uma resposta à "lei antidesmatamento" da União Europeia, prevista para entrar em vigor em 2026, que pode dificultar as exportações brasileiras de carne, soja, café e outros produtos agrícolas. Para ela, as novas regras europeias são um instrumento protecionista disfarçado de política ambiental. Da Rádio Senado, Marcella Cunha.

