Rio de Janeiro sofre onda de calor extremo nesta segunda-feira — Rádio Senado
Clima

Rio de Janeiro sofre onda de calor extremo nesta segunda-feira

Nesta segunda-feira (17), a cidade do Rio de Janeiro atingiu Nível de Calor 4 (NC4), o segundo mais alto no Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo do município. Inédita, a marca foi atingida com o registro de temperaturas entre 40 e 44 graus centígrados por três dias consecutivos. O climatologista Carlos Nobre explica que o fenômeno é reflexo da elevação das temperaturas em todo o planeta, mas a expectativa era de que o aumento perdesse força no início deste ano, com a chegada do La Niña, que resfria as águas do oceano Pacífico.

17/02/2025, 18h47 - atualizado em 17/02/2025, 19h55
Duração de áudio: 02:48
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Transcrição
UMA ONDA DE CALOR EXTREMO ATINGE O RIO DE JANEIRO DESDE O FIM DE SEMANA, COM TEMPERATURAS ELEVADAS NA CAPITAL DO ESTADO E EM MAIS 17 MUNICÍPIOS. O REPÓRTER CESAR MENDES CONVERSOU COM O CLIMATOLOGISTA CARLOS NOBRE SOBRE AS RAZÕES DO FENÔMENO. A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA VAI AO AR NO PROGRAMA CONEXÃO SENADO DESTA TERÇA-FEIRA, 18 DE FEVEREIRO, ÀS 8H40 DA MANHÃ. Pouco após o meio dia dessa segunda-feira, a cidade do Rio de Janeiro atingiu Nível de Calor 4 (NC4), o segundo mais alto no Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo do município. A marca, inédita desde a criação do protocolo em junho do ano passado, é atingida quando a cidade registra temperaturas entre 40 e 44 graus centígrados por pelo menos três dias consecutivos. Nessas situações, o protocolo prevê 58 pontos de resfriamento em diversos locais da cidade; mudança de rotinas que demandam exposição ao sol e cancelamento de eventos em áreas externas. A prefeitura de Barra Mansa, por exemplo, um dos 17 municípios afetados pela onda de calor, decidiu suspender as aulas na rede municipal no período da tarde e da noite. De acordo com o climatologista Carlos Nobre, o que acontece no Rio de Janeiro reflete o aumento generalizado das temperaturas, intensificado desde o ano passado. A expectativa dos cientistas era de que o fenômeno La Niña ajudasse no resfriamento, mas Carlos Nobre explica que isso não aconteceu, pois tivemos o janeiro mais quente já registrado no planeta, com temperaturas 1,75 graus acima das registradas no período pré-industrial. (Carlos Nobre) "É uma surpresa, porque como a partir de novembro formou o fenômeno La Niña, fenômeno que existe há milhões e milhões de anos no Oceano Pacífico, no Pacífico Centro-Leste até a costa da América do Sul a água fica mais fria e El Niño, a água fica mais quente. Inclusive, uma das razões de 2024 e até o começo de 2025 estar mais quente foi o terceiro El Niño mais forte do registro histórico, mas de repente você tem o La Niña, é um La Niña fraco, que começou em novembro e de repente janeiro bate absolutamente todos os recordes". Carlos Nobre disse que os cientistas ainda buscam entender o que está acontecendo porque a elevação de temperatura tem superado todas as expectativas. Uma das explicações, segundo ele, é a menor presença de nuvens baixas nos oceanos, que reduz a capacidade de reflexão da radiação solar nessas regiões.  (Carlos Nobre) "Está muito difícil de explicar, uma série de fatores estão sendo observados, né; então tem várias explicações, também o rápido derretimento dos gelos lá na Antártica fez o mar de gelo derreter mais rapidamente nos últimos quatro anos, principalmente nos últimos dois anos, mas ainda tem muitos mistérios, né. A ciência não conseguiu explicar porque que a temperatura explodiu." Para enfrentar o calor, a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro recomenda mais ingestão de água, roupas leves e menos exposição direta ao sol nos horários de pico de calor. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.

Ao vivo
00:0000:00