IFI destaca crescimento do PIB e altas da inflação,Selic e dívida pública
O relatório da Instituição Fiscal Independente (IFI), de dezembro, faz uma revisão pra cima do Produto Interno Bruto de 2024, estimado em 3,5%. Mas analistas do órgão, criado para aumentar a transparência das contas públicas do país, preveem inflação mais alta e elevação dos juros, com possibilidade de alcançar 14,25% ao ano. O diretor da IFI, Alexandre Andrade, enfatizou ainda um cenário de piora da dívida pública.

Transcrição
NO ÚLTIMO RELATÓRIO DO ANO, A INSTITUIÇÃO FISCAL INDEPENDENTE TROUXE DESTAQUE POSITIVO COM O CRESCIMENTO DA PROJEÇÃO DO PIB DE 2024 PARA 3,5%.
ANALISTAS DO ÓRGÃO CRIADO NO SENADO TAMBÉM APONTAM ALTA DA INFLAÇÃO E DA TAXA SELIC, QUE PODE CHEGAR A 12,25% AO ANO. REPÓRTER JANAÍNA ARAÚJO:
A Instituição Fiscal Independente, órgão vinculado ao Senado que atua para aumentar a transparência das contas públicas do país, divulgou o Relatório de Acompanhamento Fiscal de dezembro com destaques positivos e alguns desafios a serem enfrentados. Os analistas da IFI revisaram para cima o Produto Interno Bruto de 2024, projetando 3,5% de crescimento, mas o cenário de inflação aponta para uma alta e a taxa Selic também continua subindo, podendo alcançar 14,25% ao ano.
Alexandre Andrade, da diretoria da IFI, esclarece o resultado da análise fiscal feita pela instituição:
(Alexandre Andrade - IFI) "Uma pequena piora nas projeções de déficit primário do governo nos próximos anos. Houve uma piora mais forte na trajetória da dívida pública. A dívida agora assumiu projeções mais pessimistas tendo em vista esse contexto internacional não tão favorável pra economias emergentes como o Brasil. Os juros lá fora devem ficar maiores e aqui também. Isso afeta diretamente a dinâmica da dívida pública. Com uma taxa mais alta, o governo tem que pagar mais pra se financiar, pra rolar a dívida."
Os analistas da IFI também destacaram avanços institucionais que abrem boas perspectivas a médio e longo prazos, como a reforma tributária com regulamentação dos impostos sobre o consumo. Alexandre Andrade detalha o tema:
(Alexandre Andrade - IFI) "A reforma vai ser muito benéfica pra economia: vai diminuir litígios na Justiça, vai simplificar regras pra todos os contribuintes, as empresas. Isso melhora o ambiente de negócios e tende a se traduzir em um aumento do crescimento da economia. Mas isso seria um impacto mais de médio prazo. Agora, pode ser também que a reforma traga algum ganho de arrecadação, ainda que a intenção seja que o efeito sobre a carga tributária fique neutro."
O economista explicou que, na atualização dos cenários feita pela IFI, os analistas calculam que o resultado primário necessário para o governo estabilizar a dívida pública seria de 2,4% do PIB. Numa estimativa anterior da instituição esse número era 1,4%, diferença que aponta condições mais adversas, um aumento significativo do esforço fiscal necessário para estabilizar a dívida. Da Rádio Senado, Janaína Araújo.

