Anuário da ONU revela aumento da violência contra a mulher em todos os continentes
Mais de 51 mil pessoas do gênero feminino foram mortas por seus parceiros ou membros da família em 2023. É o que revela o último Anuário da ONU Mulheres sobre o assassinato de mulheres e meninas no mundo. Isso equivale a 140 mulheres mortas todos os dias. O anuário da ONU foi publicado nesta segunda-feira (25), Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.
Transcrição
CERCA DE 85 MIL MENINAS E MULHERES FORAM MORTAS INTENCIONALMENTE EM TODO O MUNDO EM 2023. DO TOTAL, 60% FORAM VÍTIMAS DE COMPANHEIROS OU PESSOAS RELACIONADAS À FAMÍLIA. ISSO REVELA UM ASSASSINATO A CADA 10 MINUTOS
NO BRASIL, O NÚMERO DE FEMINICÍDIOS CHEGOU A MAIS DE 1.400 APENAS NO ÚLTIMO ANO. REPÓRTER MARINA DANTAS:
Mais de 51 mil pessoas do gênero feminino foram mortas por seus parceiros ou membros da família em 2023. É o que revela o último Anuário da ONU Mulheres sobre o assassinato de mulheres e meninas no mundo. Isso equivale a 140 mulheres mortas todos os dias.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, o número de feminicídios no último ano aumentou no país, chegando a 1.467 vítimas, maior resultado desde a criação da lei quecriminaliza esse tipo de violência, instituída em 2015. Ameaças, agressões e stalking também aumentaram consideravelmente.
As mulheres negras são as principais vítimas das violências direcionadas ao gênero feminino no país, somando 66,9% dos casos registrados.
No entendimento da coordenadora nacional da Articulação das Mulheres Brasileiras, Adriana Mota, para entender a violência contra as mulheres no Brasil, é necessário fazer uma conexão entre o gênero e a raça.
(Adriana Mota): "Não dá para falar de enfrentar a violência contra as mulheres sem falar também em enfrentar o racismo, porque tudo o que a gente vê de dificuldade na vida de uma mulher, quando a gente faz essa leitura racializada, a gente vê que as mulheres negras, elas estão ainda em uma condição muito mais desfavorável. A gente fala de mercado de trabalho, se a gente fala da violência, a gente fala de acesso à educação, de acesso à saúde, enfim."
O anuário da ONU foi publicado hoje, 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. A data homenageia a história das irmãs Mirabal, que lutaram contra o governo ditatorial de Rafael Trujillo, que comandou a República Dominicana entre 1930 e 1961, mas acabaram mortas pelo regime em 1960.
Para Adriana Mota, a data serve de incentivo à conscientização de um problema que perpassa os anos e ainda é fatal para milhares de meninas e mulheres em todo o planeta.
(Adriana Mota): "Lembrar que a violência contra as mulheres é uma violência que marca a vida de muitas mulheres e também de meninas, mas ao mesmo tempo é uma data em que a gente une forças para fazer uma mobilização pelo fim da violência. Lembrar dessa história, lembrar da importância de enfrentar e eliminar a violência contra as mulheres e lembrar que se trata de um dia internacional."
Os 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher no Brasil começaram na última quarta-feira, Dia da Consciência Negra, e vão até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Sob supervisão de Pedro Pincer, da Rádio Senado, Marina Dantas.