Debate no Senado revela opiniões divergentes sobre proibição do "chip da beleza" — Rádio Senado
Plenário

Debate no Senado revela opiniões divergentes sobre proibição do "chip da beleza"

A Anvisa publicou nesta sexta (22) uma nova resolução sobre os implantes hormonais. Em outubro, a autarquia havia proibido o uso e a comercialização de todos os tipos de implantes e, agora, a agência especifica que estão vetados somente aqueles à base de esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos destinados a fins estéticos, ganho de massa muscular e de desempenho esportivo, os chamados “chips da beleza”. O assunto foi discutido em uma sessão de debates temáticos no Senado e dividiu opiniões.

22/11/2024, 20h28
Duração de áudio: 04:55
Pedro França/Agência Senado

Transcrição
UMA SESSÃO DE DEBATES NO PLENÁRIO DO SENADO REVELOU OPINIÕES DIVERGENTES SOBRE A PROIBIÇÃO DO "CHIP DA BELEZA" PELA ANVISA. A MEDIDA PREVENTIVA VISA PROTEGER A SAÚDE PÚBLICA, JÁ QUE MUITOS DESSES HORMÔNIOS NÃO POSSUEM COMPROVAÇÃO DE SEGURANÇA E EFICÁCIA PARA FINS ESTÉTICOS. REPÓRTER PEDRO PINCER: A Agência Nacional de Vigilância Sanitária publicou no Diário Oficial da União, nesta sexta-feira, uma nova resolução em que atualiza as regras sobre implantes hormonais. Em outubro, a autarquia havia proibido o uso e a comercialização de todos os implantes do tipo por farmácias de manipulação. Agora, a agência especifica que estão vetados somente aqueles à base de esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos destinados a fins estéticos, ganho de massa muscular e de desempenho esportivo, os chamados “chips da beleza”. Na prática, a atualização libera os implantes usados para tratamentos como o de reposição hormonal. Além disso, o texto da nova resolução reforçou que as regras não se aplicam aos produtos devidamente regularizados junto à agência, e sim aos manipulados. Ainda assim, a Anvisa manteve a proibição de propaganda para todos os tipos de implantes. Para justificar as decisões, a autarquia citou “evidências fornecidas pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia de complicações relacionadas à segurança dos implantes hormonais manipulados”. O assunto foi discutido nesta sexta-feira em uma sessão de debates temáticos no Senado e dividiu opiniões. O representante do Conselho Federal de Medicina, Francisco Eduardo Alves, elogiou  a nova resolução da Anvisa: (Francisco Eduardo Alves - CFM) "Ficou claro que a Anvisa, naquela preocupação legítima de tentar evitar um dano à saúde pública, acabou cometendo um certo exagero ao fazer uma proibição geral ampla e restrita. A prescrição desses hormônios agora será sobre receita com retenção, senador. Com isso, a Anvisa vai ter o controle exato de quem está prescrevendo, o que está prescrevendo, para quem está prescrevendo. E o principal, quem não é médico não vai mais conseguir prescrever, que era uma outra coisa que estava ocorrendo." O “chip da beleza” é uma expressão popular usada para se referir a implantes hormonais que são inseridos no corpo com a promessa de melhorar a aparência física, aumentar o desempenho físico e tratar sintomas como fadiga ou menopausa. Esses implantes geralmente contêm uma mistura de hormônios, como testosterona, gestrinona e oxandrolona, e são promovidos como soluções para perda de peso, ganho de massa muscular e outros benefícios estéticos. No entanto, esses produtos são controversos, principalmente porque muitos dos hormônios presentes nos “chips da beleza” não têm comprovação de segurança e eficácia para esses fins. É o que aponta a médica mastologista, Rosemar Rahal: (Rosemar Rahal - mastologista) "Não, a medicina tem que ser baseada em evidência, essa é a função da academia, essa é a função da medicina correta, se basear em estudos científicos para que a gente possa minimizar os tratamentos que muitas vezes são feitos com objetivos exclusos. A função da medicina é tratar, tratar as pessoas, tratar o doente e não buscar através de tratamentos objetivos que não sejam esses." Já o endocrinologista Guilherme Renke afirmou que muitas mulheres se beneficiam desse tipo de tratamento e que existem estudos atestando sua eficácia e eficiência: (Guilherme Renke - endocrinologista) "Então, senhores, eu sinceramente não sei o que nós estamos fazendo aqui, porque a verdade é que os hormônios trazem auxílio para dezenas de milhares de mulheres há 40 anos. E dizer que não existem estudos que comprovem segurança e eficácia, eu fiz mestrado, faço doutorado, sei exatamente o que é a medicina baseada em evidência, senhores, mas nós sabemos que a experiência, a prática e o uso clínico de uma medicação por mais de 10 anos traz respaldo, além de todos os estudos que foram feitos anteriores às datas da nossa nova recomendação de estudos clínicos randomizados." Opinião semelhante tem a fundadora da Associação Menopausa Feliz, Adriana Ferreira. Ela defendeu que as mulheres devem ter autonomia para escolher o que consideram ser o melhor tratamento: (Adriana Ferreira - Associação Menopausa Feliz) "Quando veio a decisão da Anvisa, nós ficamos mais preocupados ainda, porque eu sou usuária de implante. Eu falei, meu implante vai acabar daqui três meses, e ninguém me consultou, ninguém perguntou pra mim o que eu iria fazer da minha vida daqui pra frente. Ninguém perguntou pra mim se eu sou uma mãe de três filhos e eu tenho que fazer o sustento da minha casa. Ninguém perguntou pra mim se eu estava disposta a voltar a ter os 48 sintomas que eu tinha." Também participaram da sessão temática representantes da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, da Academia de Medicina de Brasília e da Academia Mineira de Medicina, entre vários outros. Da Rádio Senado, Pedro Pincer.

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