IFI: juros altos e déficit fiscal contribuem para aumento da dívida pública
O Relatório de Acompanhamento Fiscal da Instituição Fiscal Independente divulgado nesta quinta-feira (17) mostra que a tendência de constante aumento da dívida pública nos próximos anos pode afetar o equilíbrio fiscal da economia brasileira. Segundo a instituição, o crescimento da dívida pública vem sendo alimentado pelos seguidos resultados fiscais negativos dos últimos anos e pela elevação dos juros.

Transcrição
OS JUROS ALTOS E O DÉFICIT FISCAL SÃO FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO DA DÍVIDA PÚBLICA
O DIAGNÓSTICO É DA INSTITUIÇÃO FISCAL INDEPENDENTE, QUE DIVULGOU O RELATÓRIO DE OUTUBRO NESTA QUINTA-FEIRA. REPÓRTER PEDRO PINCER
O Relatório de Acompanhamento Fiscal da Instituição Fiscal Independente divulgado nesta quinta-feira mostra que a tendência de constante aumento da dívida pública nos próximos anos pode afetar o equilíbrio fiscal da economia brasileira. Segundo a IFI, o crescimento da dívida pública vem sendo alimentado pelos seguidos resultados fiscais negativos dos últimos anos e pela elevação dos juros. De acordo com o documento, a perspectiva de realização de déficits fiscais pelo setor público nos próximos anos e a taxa real de juros mantida em nível relativamente elevado contribuirão para que a dívida mantenha tendência de alta. A relação entre a dívida pública e o produto interno bruto é um dos principais termômetros para medir a saúde fiscal nacional e a sustentabilidade do endividamento. O diretor-executivo da IFI, Marcus Pestana, deu mais detalhes sobre o relatório:
(Marcus Pestana) "A dívida brasileira bateu em agosto, pelo critério do Banco Central, que apura esse indicador, 78,5% do PIB e vai chegar até dezembro em 80%. Isso porque as taxas de juros estão muito altas e o Brasil não está produzindo superávit. Então tem que fazer emissão de dívida nova líquida."
A IFI manteve suas projeções de crescimento real do PIB a médio prazo: entre 2026 e 2034, o aumento médio anual deverá ser de 2,2%. Além disso, a instituição mantém as projeções que apontam dificuldades para o Poder Executivo cumprir a promessa de zerar o déficit primário da economia a curto prazo. O relatório explora, ainda, as metodologias das três principais agências internacionais de classificação de riscos econômicos e fiscais: Moody’s, Fitch e Standard & Poors. Recentemente, a Moody’s melhorou o status da avaliação de risco do Brasil:
(Marcus Pestana) "O Brasil não está à beira do abismo, diferente de situações como a Venezuela, a Argentina não é motivo para pânico nenhum, só que o termômetro indica que a situação é insustentável. O Brasil tem um dos orçamentos mais engessados do mundo, as despesas obrigatórias já representam muito mais de 90% do dinheiro disponível e sobra muito pouco para investimentos."
A íntegra do relatório está disponível em www.senado.leg.br/ifi. Da Rádio Senado, Pedro Pincer.