Comissão de Meio Ambiente debate a criação da Universidade dos Povos Indígenas
A Comissão de Meio Ambiente discutiu a criação da Universidade Indígena do Brasil (Reqs 46 e 47/2024 - CMA). No dia 17 de abril, durante a realização do acampamento Terra Livre, o ministro da Educação, Camilo Santana, assinou uma portaria instituindo um grupo de trabalho para estudar a criação da nova universidade. Autor de um dos requerimentos para o debate, o senador Bene Camacho (PSD-MA) espera que a criação da universidade possa ser anunciada no ano que vem, durante a realização da COP-30, em Belém-PA.
Transcrição
A COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE DISCUTIU A CRIAÇÃO DA UNIVERSIDADE DOS POVOS INDÍGENAS.
EM MAIO DESTE ANO, O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUIU UM GRUPO DE TRABALHO PARA ESTUDAR O ASSUNTO. REPÓRTER CESAR MENDES.
No debate promovido pela Comissão de Meio Ambiente sobre a criação da Universidade dos Povos Índigenas, Fernando Antonio dos Santos, do Ministério da Educação, explicou que segundo o censo de 2022, temos hoje um milhão, 227 mil, 642 indígenas no país, 75 por cento deles concentrados nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Ele defendeu a importância da nova universidade como um centro de preservação e disseminação dos conhecimentos tradicionais, das línguas e das práticas culturais desses povos e destacou que há várias iniciativas semelhantes em países como o México, Bolívia e a Nova Zelândia.
(Fernando Antonio dos Santos) '' Nós hoje temos aproximadamente 100 mil indígenas nas universidades públicas e privadas no Brasil que encontram dificuldade de se adaptar às universidades convencionais, seja devido ao preconceito, seja à falta de apoio, mesmo com todas as iniciativas que o MEC tem tido; então uma universidade indígena proporcionará um ambiente mais acolhedor, mais inclusivo, mais respeitoso, em que haja a valorização do corpo docente e discente que tratará com esse público específico.''
Eliel Benites, do Ministério dos Povos Indígenas, disse que a Universidade Indígena vai permitir um diálogo entre o conhecimento dos povos originários e a ciência na busca de uma nova sociedade, mais inclusiva e de respeito à natureza e à diversidade cultural. Para Rutian Pataxó, mestranda em estudos étnicos na Universidade Federal da Bahia, a Universidade Indígena vai dar mais valor a um saber hoje pouco valorizado no país.
(Rutian Pataxó) ''Compreender as diferentes realidades de cada povo, de cada região e de cada bioma; o ponto de fortalecimento dos povos indígenas é considerar toda essa diversidade, então essa universidade indígena, ela precisa ter a nossa cara.''
O senador Bene Camacho, do PSD do Maranhão, acredita que a Universidade dos Povos Indígenas vai promover uma reparação histórica com essa população, às vésperas da realização da COP 30, a Conferência do Clima das Nações Unidas, que no ano que vai acontecer em Belém, no Pará.
(senador Bene Camacho) ''A expectativa que estará posta é a de que na COP30, possamos apresentar este emblemático projeto, a Universidade Indígena do Brasil.''
Bene Camacho disse acreditar que o conhecimento formal unido ao conhecimento ancestral poderá construir um novo paradigma do saber brasileiro. Da Rádio Senado, César Mendes.