Brasil precisa de leitos e profissionais para tratar transtorno alimentar — Rádio Senado
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Brasil precisa de leitos e profissionais para tratar transtorno alimentar

A Comissão de Assuntos Sociais ouviu nesta quinta-feira (5) especialistas em transtornos alimentares. Eles apontaram que o país tem escassez de profissionais especializados e de leitos psiquiátricos para atendimento de pacientes gravíssimos, como nos casos de anorexia nervosa, cuja mortalidade chega a 20%. Também lamentaram o alto custo de alimentos saudáveis, quando comparados aos ultraprocessados, e defenderam a regulamentação das redes sociais para frear o estímulo à magreza excessiva.

05/09/2024, 18h43 - ATUALIZADO EM 05/09/2024, 18h43
Duração de áudio: 03:47
Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Transcrição
FALTAM LEITOS E PROFISSIONAIS CAPACITADOS PARA ATENDER PACIENTES COM TRANSTORNOS ALIMENTARES NO BRASIL. A CONCLUSÃO É DE ESPECIALISTAS QUE PARTICIPARAM DE AUDIÊNCIA NA COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS NESTA QUINTA-FEIRA. ELES DEFENDERAM POLÍTICAS QUE TORNEM OS ALIMENTOS SAUDÁVEIS MAIS ACESSÍVEIS E A REGULAMENTAÇÃO DAS REDES SOCIAIS. REPÓRTER MARCELLA CUNHA: Durante a audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais, especialistas criticaram a falta de leitos e profissionais especializados no tratamento de transtornos alimentares. Atualmente, apenas 15 centros públicos funcionam no Brasil e uma única enfermaria especializada em toda a América Latina, localizada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. O representante do Hospital, o professor Táki Athanássios, lamentou a redução de leitos psiquiátricos no Brasil, necessários para o tratamento dos transtornos alimentares, que têm taxa altíssima de mortalidade, como a anorexia nervosa, que chega a 20% dos casos: A gente recebe pacientes para internação gravíssimos da Bolívia, de Rondônia, de qualquer lugar. E temos 10 leitos com uma longa fila. Não me causa nenhum orgulho ser referência disso. Muito pelo contrário. Eu fico aboslutamente revoltado que não haja outros centros de excelências que possam receber essa pessoas. O Brasil tinha até algum tempo 120 mil leitos, claro muitos mereciam ser fechados porque não mereciam o título de hospital, eram verdadeiros pocilgas, mas hoje temos 10 mil leitos.  O coordenador da Comissão de Transtornos Alimentares da Associação Brasileira de Psiquiatria, José Carlos Appolinário, disse que não há políticas públicas para o tratamento dessas pessoas. Estimativas apontam que cerca de 5% dos brasileiros possuem algum tipo de transtorno alimentar, como a anorexia nervosa e a bulimia, que levam à perda excessiva de peso e à recusa em se alimentar; e a compulsão alimentar em obesos, caracterizada por comer em excesso. Apollinário defendeu a regulamentação das redes sociais, para diminuir casos de distorção de imagem e valorização excessiva da magreza. É o que também acredita a senadora Damares Alves, do Republicanos do Distrito Federal, autora do pedido de realização da audiência: (sen. Damares Alves) "A nova onda das redes sociais em que pseudoespecialistas em nutrição ou às vezes um adolescente influencer influenciando uma geração a se alimentar mal e adolescentes estão com transtornos alimentares por causa da redes sociais." A representante da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, Maria Edna de Melo, explicou que a obesidade agrava mais de 200 condições de saúde, entre complicações metabólicas e mecânicas, além de prejudicar a saúde mental, especificamente de crianças e adolescentes. No entanto, chamou a atenção para a dificuldade de se comer bem hoje em dia, quando os alimentos saudáveis custam caro, comparados aos processados:  (Maria Edna) "Como isso vai funcionar em um ambiente onde uma banana custa 2 reais e o macarrão instantâneo custa 1,50? Existe uma distorção em termos financeiros daquilo que a população precisa consumir. Os alimentos saudaveis, nos últimos 5, 6 anos, têm uma varição de preço de mais de 60%. Como que vai mandar a sociedade comer bem, comer saudável?" Os participantes também pediram cautela em relação aos programas de prevenção, que podem acabar tendo o efeito contrário e acabar estimulando a doença, especialmente em jovens. Da Rádio Senado, Marcella Cunha .

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