Marina Silva detalha estratégias de combate às queimadas na Comissão de Meio Ambiente
A Comissão de Meio Ambiente ouviu nesta quarta-feira (4) a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Ela apresentou informações sobre a situação das queimadas em todo o país e as medidas que estão sendo adotadas pelo governo federal para enfrentá-las. Autora do convite à ministra, a senadora Leila Barros (PDT-DF) disse que estudos apontam uma lógica criminosa em ações de uso e ocupação da terra no país. Segundo Marina, o Pantanal e a Amazônia enfrentam secas severas, agravadas pelo uso criminoso do fogo e 85% dos focos estão em propriedades privadas.
Transcrição
A COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE OUVIU AS EXPLICAÇÕES DA MINISTRA DO MEIO AMBIENTE PARA O PROBLEMA DAS QUEIMADAS.
MARINA SILVA DESTACOU QUE OS BIOMAS AMAZÔNIA, PANTANAL E CERRADO SÃO OS MAIS ATINGIDOS. REPÓRTER CESAR MENDES.
Dados do Mapbiomas apontam que só no primeiro semestre deste ano, as queimadas consumiram quatro milhões e meio de hectares do território brasileiro. Significa que a cada 5 dias, uma área equivalente ao município do Rio de Janeiro foi atingida pelo fogo. Na audiência pública da Comissão de Meio Ambiente, a presidente do colegiado, senadora Leila Barros, do PDT do Distrito Federal, apresentou dados de um estudo da Associação dos Magistrados do Brasil apontando indícios criminosos por trás de ações de uso e ocupação de terras em nosso país, principalmente na Amazônia. Segundo ela, o estudo mostra que a atividade é praticada por redes organizadas, com lavagem de dinheiro, corrupção e o uso de laranjas e revela que o crime ambiental é hoje a terceira atividade ilegal mais lucrativa do mundo.
(senadora Leila Barros) '' O crime ambiental hoje movimenta entre 110 a 280 bilhões de dólares anualmente, causando prejuízos de até 9 bilhões de dólares em impostos, ou seja, existem grupos poderosos que se aproveitam da população local para executar os seus crimes e nessa lógica está o desmatamento ilegal, diretamente ligado à ocorrência de queimadas.''
Marina Silva disse que as queimadas, na intensidade em que acontecem hoje, poderiam ter sido evitadas se o Brasil e o mundo tivessem feito o ''dever de casa'' para que os efeitos da mudança do clima não chegassem ao ponto em que chegaram. Mas disse também que o problema da mudança do clima se soma à visão inadequada do uso do fogo, dos recursos naturais da floresta e da nossa biodiversidade, trazendo prejuízos irreparáveis para todos os biomas, em especial para a Amazônia, o Pantanal e o Cerrado. Marina lembrou que o Pantanal enfrenta a pior estiagem dos últimos 74 anos, segundo dados do Cemaden; e a Amazônia, a maior seca dos últimos 40 anos e explicou se desde janeiro de 2023 não tivesse sido feita uma preparação para o enfrentamento dessa situação, as consequências hoje seriam ainda piores.
(ministra Marina Silva) '' Eu tenho uma linha do tempo que posso disponibilizar aos senhores senadores e senhoras senadoras tudo que foi feito desde janeiro de 2023 até o presente momento, para que fique bem claro aos senhores a diferença entre enfrentar uma situação extrema como a que estamos vivendo com preparo, ainda que as condições sejam completamente desfavoráveis e o que eu queria fazer isso sem ter planejamento e sem ter preparo.''
O senador Jaime Bagatolli, do PL de Mato Grosso, disse que o DNIT tem responsabilidade nos incêndios porque, segundo ele, 30 a 40 por cento dos incêncios começam nas margens de rodovias.
(senador Jaime Bagatolli) ''50 metros de cada lado da faixa da rodovia é do DNIT, tem que chamar todos os proprietários na beira de rodovia estadual, rodovia federal, as estradas vicinais, nós precisamos fazer aceiro nessas rodovias, 40% desses incêndios no Brasil vem em volta das rodovias.''
A senadora Rosana Martinelli, também do PL matogrossense, criticou afirmações que, segundo ela, vêm sendo feitas pelo Ministério do Meio Ambiente, colocando os produtores rurais como responsáveis pelas queimadas. Mas a ministra Marina Silva disse que dados de satélite mostram que 85 por cento dos incêndios aconteceram em propriedades privadas e apenas 10 por cento, em terras indígenas; lembrando que a prática do fogo, quando ela está proibida, é ilegal. Da Rádio Senado, Cesar Mendes