Campanha das Diretas Já completa 40 anos
Os 40 anos da votação da emenda Dante de Oliveira, que previa a volta das eleições diretas para presidente da República, em 25 de abril de 1984, marcaram um dia de muita frustração popular. A emenda foi rejeitada por apenas 22 votos. Mas a campanha pelas Diretas Já uniu o Brasil e enfraqueceu a ditadura militar. Sete meses depois, o Congresso, mesmo que de forma indireta, elegeria um civil, Tancredo Neves, para a presidência da República, colocando fim a mais de duas décadas de governo militar. Ouça a reportagem especial da Rádio Senado sobre os 40 anos das Diretas Já em senado.leg.br/radio
Transcrição
HÁ 40 ANOS, EM 25 DE ABRIL DE 1984, A CÂMARA DOS DEPUTADOS FRUSTAVA MILHÕES DE BRASILEIROS AO REJEITAR A EMENDA DANTE DE OLIVEIRA, QUE PREVIA A VOLTA DAS ELEIÇÕES DIRETAS PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA.
ANTES DA VOTAÇÃO, NO ENTANTO, O PAÍS SE MOBILIZOU COMO NUNCA. DE NORTE A SUL, MILHARES DE PESSOAS FORAM ÀS RUAS EXIGINDO ELEIÇÕES LIVRES. A REPORTAGEM É DE MAURÍCIO DE SANTI:
Faltaram apenas 22 votos para que a emenda Dante de Oliveira passasse na Câmara naquele 25 de abril de 1984. 22 votos que levaram milhões de brasileiros às lágrimas. Antes da derrota, a campanha das Diretas Já uniu o país em torno da volta das eleições livres para presidência da República. O movimento começou tímido por medo da repressão do governo militar, mas logo se espalhou por todo o Brasil, como destaca o senador Wellington Fagundes, do PL de Mato Grosso:
(sen. Wellington Fagundes) "Em pouco tempo, os comícios foram crescendo, de tímidos até a mais de 1 milhão de pessoas lá em São Paulo. Isso sempre no comando Dr. Ulysses Guimarães, o senhor Diretas já, e, ao seu lado, estavam sempre presentes políticos e lideranças de todo o Brasil, num exemplo de unidade e de força da vontade popular de eleger o Presidente no Brasil.O povo queria mudanças e o Brasil mudou. Por isso, é importante recordar essa data histórica."
Apesar da derrota, a grandiosidade do movimento das Diretas Já enfraqueceu o governo militar ao ponto de não haver mais volta. O ex-senador Saturnino Braga recorda que a oposição já sabia que os militares não se sustentariam no poder por muito mais tempo:
(sen. Saturnino Braga) "A gente tinha consciência de que a ditadura estava no fim. Era uma questão de alguns episódios a mais e de fato o episódio seguinte foi a eleição indireta do presidente da República, mas com a vitória do candidato da oposição que era o Tancredo."
Tancredo Neves morreu antes de assumir a presidência da República. Foi na gestão do vice de Tancredo, José Sarney, que as eleições voltaram a ser diretas, com a promulgação da Constituição de 1988. No ano seguinte, Fernando Collor de Mello seria o primeiro presidente eleito nas urnas, por meio do voto popular, depois de 28 anos. A última eleição direta no país, pré-ditadura, tinha sido em 1961. Para comemorar esses fatos históricos, a Rádio Senado produziu uma reportagem especial em dois episódios de 10 minutos cada. Está lá toda a reconstituição histórica desse momento marcante da vida brasileira. O programa está disponível nas principais plataformas de áudio e também no site senado.leg.br/radio. Não deixe de acompanhar. O Senado também terá uma sessão especial na tarde desta sexta-feira para celebrar a data. Da Rádio Senado, Maurício de Santi.