Maestro João Carlos Martins, regente do concerto do bicentenário do Senado, é exemplo de superação — Rádio Senado
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Maestro João Carlos Martins, regente do concerto do bicentenário do Senado, é exemplo de superação

O regente do concerto que marca as comemorações do bicentenário do Senado Federal, maestro João Carlos Martins, tem seu talento, sensibilidade artística e humana reconhecidos no Brasil e no mundo. Sua vida, exemplo de superação de dificuldades, inspirou e inspira gerações dentro e fora do universo da música erudita.

25/03/2024, 13h57 - ATUALIZADO EM 25/03/2024, 13h58
Duração de áudio: 04:23
Reprodução/Facebook

Transcrição
O REGENTE DO CONCERTO DO BICENTENÁRIO DO SENADO, MAESTRO JOÃO CARLOS MARTINS, É CONHECIDO NACIONAL E INTERNACIONALMENTE POR SEU TALENTO, SENSIBILIDADE ARTÍSTICA E SOCIAL. SUA VIDA TAMBÉM É UM EXEMPLO DE SUPERAÇÃO DE DIFICULDADES, COMO NOS CONTA A REPÓRTER MARCELA DINIZ: João Carlos Martins nasceu em 25 de junho de 1940, em São Paulo. Com apenas oito anos de idade, ele venceu um concurso de piano tocando obras do compositor Johann Sebastian Bach. A partir dos treze, João começou a se apresentar profissionalmente pelo Brasil. E, aos dezoito, foi representar o país em um festival em Porto Rico, sem apoio brasileiro e graças à ajuda do governo argentino: (maestro João Carlos Martins): "Todos os governos iriam pagar a passagem dos seus candidatos. E o governo brasileiro disse que não poderia, e eu tinha sido escolhido como representante do Brasil. Mas aí, o presidente da Argentina leu a notícia na United Press e falou: 'Já que não tem nenhum argentino competindo, nós vamos pagar a passagem do artista brasileiro." O jovem João foi ficando mundialmente conhecido como um prodígio no piano quando em seu caminho surgiu o diagnóstico da distonia focal, distúrbio neurológico que provocava contração involuntária dos músculos. O músico percebeu que os sintomas apareciam com o avançar do dia, mas que seria possível tocar se ele dormisse antes das apresentações. Assim foi, até que, aos 26 anos, uma queda durante um jogo de futebol atingiu um nervo e prejudicou o movimento de três dedos da mão direita. Começaram as rotinas de cirurgias para tentar reparar danos. O pianista passou a tocar com dedeiras de aço que machucavam e deixavam manchas de sangue nas teclas. (maestro João Carlos Martins): "Eu sempre digo que a ciência cura o corpo e as artes curam a alma. Eu falei essa frase durante todas as minhas lives, durante a pandemia.Que é a importância da ciência curando o corpo e a arte curando a alma." Acreditar no poder de cura da música pode ter sido essencial para João Carlos Martins em sua trajetória. Dores frequentes, uma embolia pulmonar, lesões por esforço repetitivo e, aos 54 anos, uma agressão por barra de ferro na cabeça durante uma assalto. A lesão prejudicou, de vez, a mão direita. As dificuldades afastaram João do palco por algumas vezes e ele até atuou como empresário esportivo por um tempo, mas a música era algo impositivo. Só a obstinação explica a volta aos palcos tocando no piano composições específicas para a mão esquerda.  Quando também a mão esquerda começou a sofrer contraturas, Martins chegou a se despedir do piano. Dedicou-se aos estudos de regência. Nascia, assim, aos 63 anos, o maestro João. Decidido a formar novas gerações de músicos, criou a Fundação Bachiana, que democratiza a música clássica no Brasil. Sua orquestra, adotada pelo SESI, é a maior de cunho privado no país. (maestro João Carlos Martins): "O público tem que sair de um concerto com uma lágrima nos olhos e tem que sair com um sorriso nos lábios porque a missão de um artista é transmitir emoção." A trajetória de superações do maestro João já foi tema de filme, documentário, enredo de escola de samba, livro... e vai continuar rendendo e inspirando muitos, dentro e fora do mundo da música. O avanço científico e tecnológico permitiu que um octagenário Martins voltasse a tocar piano com todos os dedos. O milagre foi possível por causa de uma luva biônica. A vida tem dessas coisas… Da Rádio Senado, Marcela Diniz.

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