Saúde mental de mulheres policiais é tema de debate no Senado — Rádio Senado
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Saúde mental de mulheres policiais é tema de debate no Senado

A senadora Leila Barros (PDT-DF) solicitou e presidiu a audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) sobre a saúde mental das mulheres profissionais da segurança pública e o impacto do assédio nos altos índices de suicídio nessas instituições. O debate ocorreu durante a realização do II Congresso Internacional de Mulheres Policiais, em Brasília, e revelou o alto número de mortes de mulheres decorrentes de episódios de assédio moral e sexual nas instituições públicas.

20/03/2024, 19h08 - ATUALIZADO EM 20/03/2024, 19h24
Duração de áudio: 03:05
sesp.mt.gov.br

Transcrição
OS ASSÉDIOS MORAL E SEXUAL DE MULHERES POLICIAIS SÃO MOTIVOS DE ADOECIMENTO MENTAL E DE MORTES. FOI O QUE REVELOU UMA AUDIÊNCIA PÚBLICA NO SENADO, COM A PRESENÇA DE PROFISSIONAIS DA SEGURANÇA PÚBLICA E DE ESPECIALISTAS EM SAÚDE MENTAL NO TRABALHO. REPÓRTER JANAÍNA ARAÚJO. A Comissão de Assuntos Sociais debateu a saúde mental das mulheres profissionais da segurança pública e o impacto do assédio nos altos índices de suicídio nas instituições. O pedido para a audiência pública foi feito pela senadora Leila Barros, do PDT do Distrito Federal, que apoiou a segunda edição do Congresso Internacional de Mulheres Policiais realizado em Brasília até a próxima sexta-feira; e assinalou a importância de quebrar o silêncio sobre o tema:  (sen. Leila Barros): "O estresse, a depressão, a ansiedade e o burnout são preocupações sérias e inter-relacionadas nas forças de segurança pública femininas no Brasil." Diretora de Direitos Humanos e Políticas Sociais da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais, Martha Maria dos Santos relatou as violências psicológicas e preconceitos sofridos desde que ingressou como policial rodoviária na Bahia, além dos problemas que ainda persistem. (Martha Maria dos Santos): "Tinha um plantão antigamente considerado como lugar de castigo, era pra colher informações. E no primeiro dia que eu fui trabalhar, já disseram pra mim assim: que bom que chegou a mulher! Agora vai ter um lugar limpo e vai ter café. Hoje melhorou um pouco? Melhorou, mas continua com a mesma questão do assédio. A gente não tem um plano de saúde – quem tem plano o governo paga 120 reais –, sofre esses problemas psicológicos que a gente não pode comentar com ninguém. Tem vezes que estamos trabalhando com uma colega e no outro dia você sabe que ela morreu, e ela tentou o suicídio." A professora do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília, Ana Magnólia Mendes, ressaltou a parceria com o Movimento das Mulheres Policiais do Brasil para a realização do congresso em Brasília. Ela apontou dados sobre assédio que vêm sendo pesquisados pela UnB desde 2015 e citou o trabalho de escuta de profissionais da segurança pública. (Ana Magnólia Mendes): "Eu coordeno um projeto que se chama Clínica do Trabalho, fazemos a escuta e o atendimento psicológico de diversos trabalhadores e nós temos recebido trabalhadores da segurança pública com, principalmente, a ideação suicida, que é um sintoma extremamente grave. Nos nossos estudos nós temos identificado que a humilhação pode levar um sujeito ao suicídio. É uma das mais graves vivências a ferir a nossa dignidade humana." Fundador do Instituto Rafaela Drumond, Aldair Drumond contou a história de sua filha, que era escrivã na cidade mineira de Carandaí e foi encontrada morta em casa em 2023. Ela havia feito denúncias de assédio moral, sexual e pressão com sobrecarga no trabalho ao Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais. Também estiveram na audiência pública representantes dos ministérios da Justiça e da Saúde que apresentaram dados sobre saúde mental dos profissionais de segurança pública e iniciativas do governo de atenção ao tema. Da Rádio Senado, Janaína Araújo.

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