Marina Silva defende atuação do governo em depoimento à CPI das ONGs — Rádio Senado
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Marina Silva defende atuação do governo em depoimento à CPI das ONGs

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, atendeu à convocação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs e rebateu as críticas à atuação da pasta e das autarquias a ela ligadas para reprimir ocupações de terras indígenas. Marina apontou o uso por organizações criminosas de pessoas simples para resistir às ações do poder público e ressaltou que o governo federal busca alternativas de realocação para produtores que ocupam áreas ilegais.

27/11/2023, 20h23 - ATUALIZADO EM 27/11/2023, 20h23
Duração de áudio: 04:07
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Transcrição
VÍDEOS COM DEPOIMENTOS DE AGRICULTORES E CRIANÇAS INDÍGENAS SÃO APRESENTADOS NA CPI DAS ONGS PARA CRITICAR ATUAÇÃO AMBIENTAL NA AMAZÔNIA. MARINA SILVA RESSALTA MANIPULAÇÃO DE PEQUENOS PRODUTORES PELO CRIME ORGANIZADO PARA RESISTIR ÀS AÇÕES DO GOVERNO. REPÓRTER JANAÍNA ARAÚJO. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, compareceu à convocação da Comissão Parlamentar de Inquérito das ONGs e nas três primeiras horas de depoimento respondeu a questionamentos e colocações do presidente do colegiado, senador Plínio Valério, do PSDB do Amazonas, e do relator, senador Márcio Bittar, do União do Acre, que pediu a presença da ministra no Senado. Plínio Valério mostrou vídeos de pequenos produtores da região amazônica que acusam servidores do IBAMA de terem destruído suas propriedades sob o argumento de ocupação e exploração de terras indígenas. Plínio - O Ibama, ICMBio, ONGs falam em proteção para o bem da humanidade futura, sempre falam isso, mesmo que tenha que sacrificar a humanidade atual. Vale a pena sacrificar essa gente em prol do clima, dessa mudança, de um por cento que o Brasil emite? Também foram expostas crianças indígenas sem assistência de saúde e protestos sobre atuação de ONGs, além de críticas à falta de asfalto da BR-319. A ministra argumentou que a ação de preservação feita pelo Ministério do Meio Ambiente não está em oposição à vida dos atuais habitantes da Amazônia e analisou o que vem acontecendo nos últimos quarenta anos na região. Marina - A Amazônia em 1975 tinha apenas 0,5% de área desmatada. De repente chegou uma ideologia “integrar para não entregar”, que estimulou que se desmatasse para poder desenvolver a região e o que aconteceu? O que era apenas 0,5% agora já é 18% de área desmatada. E continuamos tendo pobreza. Para muitos. Para poucos é vantajoso porque apropriam-se das riquezas de forma privada, deixam um rastro de destruição não só para o Brasil, mas para o mundo. Segundo a ministra, a proposta atual do governo federal é a de não sacrificar os recursos de milhares de anos pelo lucro de poucas décadas. Ela afirmou que isso é possível sem prejuízo a empregos e à produção, mas que esse é um processo de transição e investimento que não é rápido. Marina Silva também ponderou sobre o uso das populações de baixa renda na ocupação de terras indígenas. Marina - Pessoas humildes, que estão ocupando indevidamente área que pertence aos indígenas, podem ser alocadas em um outro lugar. Mas dentro das terras indígenas, das unidades de conservação, de assentamentos existem forças criminosas que tentam manipular as pessoas simples pra que elas resistam em custo de sua vida. E aí muitas delas fazem o cálculo entre resistir ao crime organizado ou resistir ao Estado. E é por isso que o ministro Paulo Teixeira tá trabalhando programas alternativos para os assentamentos, para aqueles que são de fato agricultores. Sobre a situação de indígenas ianomâmis que no vídeo mostrado na CPI recebem comida de uma cozinheira que trabalha em um garimpo, a ministra enfatizou que o descumprimento a preceitos constitucionais vem se agravando nos últimos anos. Marina - Durante quatro anos o que nós tivemos foi o abandono das políticas para os povos indígenas. O que os indígenas querem e que nós temos a obrigação de prover é que eles tenham seus rios não com mercúrio, que eles tenham seu rio com peixe, a sua mata com a caça que lhes é facultado o direito de tirar para seu provimento, que eles possam viver de acordo com seu estilo de vida. O garimpo é criminoso e manipula pessoas inocentes, força de trabalho de pessoas simples.  Sobre dificuldades de produção e instalação de escolas em reservas levantadas em denúncias da CPI das ONGs, a ministra destacou que o plano de manejo da Reserva Extrativista Chico Mendes, por exemplo, permite a criação de gado dentro de alguns limites e instalação de luz elétrica, além da construção de escolas. Da Rádio Senado, Janaína Araújo.

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