Exposição retrata perseguição aos negros no Holocausto
A exposição “Nossa Luta: a perseguição aos negros durante o Holocausto”, que ficará no Salão Negro do Senado até o dia 8 de dezembro, traz um amplo material sobre um aspecto pouco conhecido da história da Alemanha nazista: a perseguição aos afroalemães. E propõe diálogo sobre desafios contemporâneos, como a superação do racismo. A coordenadora do Comitê de Gênero e Raça do Senado, Stella Maria Vaz, detalhou a parceria com o Museu do Holocausto, que permitiu a vinda da mostra a Brasília.
Transcrição
DE 14 DE NOVEMBRO A 8 DE DEZEMBRO, O SALÃO NEGRO DO SENADO RECEBE A EXPOSIÇÃO "NOSSA LUTA: A PERSEGUIÇÃO AOS NEGROS DURANTE O HOLOCAUSTO".
A MOSTRA, QUE INTEGRA A PROGRAMAÇÃO DO MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA, É ABERTA AO PÚBLICO. A REPORTAGEM É DE MARCELA DINIZ.
A exposição itinerante “Nossa Luta: a perseguição aos negros durante o Holocausto”, que fica no Salão Negro do Senado até o dia 8 de dezembro, é composta por 23 painéis, 5 vitrines e 5 totens com conteúdos audiovisuais sobre esse aspecto pouco conhecido da história da Alemanha nazista. De 1933 a 1945, também os afroalemães foram alvo de perseguição, isolamento, experimentos médicos, desaparecimentos e assassinatos. A coordenadora do Comitê de Gênero e Raça do Senado, Stella Maria Vaz, detalhou a parceria com o Museu do Holocausto, que permitiu a vinda da mostra a Brasília.
Stella Vaz (Comitê Gênero e Raça): "Tivemos a felicidade de ter essa parceria com o Museu do Holocausto, de Curitiba, que preparou essa exposição; fazendo uma parceria, também, com o nosso grupo de afinidade de raça, aqui do Senado, que faz parte do Comitê de Gênero e Raça; e com o Museu do Senado, também; além de algumas publicações da Biblioteca do Senado, então, é uma parceria muito rica, com muito material pra gente conhecer."
Por meio da exposição, ficamos sabendo que a comunidade afroalemã já contava com número expressivo de residentes fixos na Alemanha à época da Segunda Guerra. Essa comunidade começou a ser formar no fim do século XIX, a partir da dominação colonial sobre territórios africanos; e era formada por pessoas de países como Camarões, Togo, Tanzânia, Ruanda, Burundi e Namíbia. Algumas delas lutaram no lado alemão na Primeira Guerra e, depois dela, passaram a ser atacadas por propagandas que criaram termos como “bastardos da Renânia”, para se referir, pejorativamente, aos filhos dos soldados de origem africana com mulheres alemãs – crianças que foram submetidas à esterilização forçada e estigma social. Tudo baseado no ideário racista que estruturou a política de extermínio de judeus, ciganos, pessoas com deficiência, homossexuais e pessoas de algumas etnias eslavas; além dos próprios negros. Stella Vaz ressalta a importância das pesquisas que resultaram na exposição “Nossa Luta”:
Stella Vaz (Comitê Gênero e Raça): "Quando a gente fala dessa exposição, da perseguição aos negros durante o Holocausto, pouquíssimas pessoas já ouviram falar sobre isso, então, é um material bastante inédito, bastante inovador, que fala a questão, também, dos afroalemães, então, é importantíssimo."
Além da perseguição aos negros pelo nazismo, a exposição “Nossa Luta” lembra de barbáries anteriores, como o genocídio dos povos hereros e namaquas pelo Império Colonial alemão, no território da atual Namíbia; e propõe um diálogo com a história do Brasil e seus desafios contemporâneos, entre eles, a superação do racismo. Da Rádio Senado, Marcela Diniz.