Senadores debatem futuro das eleições com IA
Em audiência pública da Comissão Temporária Interna sobre Inteligência Artificial no Brasil (CTIA), especialistas discutiram os efeitos da tecnologia nas eleições e na disseminação de informações. Para Diogo Rais, Diretor-Geral do Instituto Liberdade Digital, se a IA for usada com responsabilidade, a democracia pode sair fortalecida. O relatório sobre o marco regulatório de IA será apresentado pelo senador Eduardo Gomes (PL-TO) após o ciclo de audiências públicas.

Transcrição
EM DEBATE SOBRE OS EFEITOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NAS ELEIÇÕES, ESPECIALISTAS ALERTARAM SOBRE O USO DE CANDIDATOS VIRTUAIS.
PROJETO SOBRE O ASSUNTO ESTABELECE PRINCÍPIOS E DIREITOS, ALÉM DE CLASSIFICAR OS RISCOS DO USO. REPÓRTER LUIZ FELIPE LIAZIBRA.
Em audiência pública da Comissão do Senado sobre a regulação da Inteligência Artificial, especialistas discutiram os efeitos da tecnologia nas eleições e na disseminação de informações. Para o Diretor-Geral do Instituto Liberdade Digital, Diogo Rais, o uso de IA tem efeitos positivos quando aproxima os eleitores das propostas dos candidatos; e negativos, quando cria políticos falsos para enganar a sociedade. Ele citou, como exemplo, o caso de um candidato virtual à presidência da Coreia do Sul que se relacionava com o eleitorado pelas redes sociais. Diogo Rais ponderou que, se usada com responsabilidade, a Inteligência Artificial pode fortalecer a democracia.
Diogo Rais: Que existem inúmeras possibilidades em que a inteligência artificial possa facilitar o ideal democrático de que as mensagens chegam às pessoas que gostariam de receber aquelas mensagens. Se essas mensagens forem verdadeiras e compatíveis com aquela candidata ou aquele candidato, talvez a gente cumpriu um ideal democrático em que as pessoas que gostariam de eleger pessoas que pensam ou sugerem determinados pontos saibam quem são essas pessoas e qual o número delas antes de ir pra urna.
A Diretora do Instituto de Tecnologia e Sociedade, Cellina Bottino, apresentou um panorama das leis criadas nos EUA, China, Canadá e União Europeia para enfrentar a manipulação de imagens nas eleições. Segunda ela, legislações proibindo o uso dessas imagens não resolvem o problema como um todo. Nesse sentido, é mais efetivo ensinar a população a desconfiar do que está vendo nas telas. Para a representante do Comitê Gestor da Internet, Renata Mielle, o que falta é transparência nas ferramentas.
Renata Mielle: Nós estamos falando de um sistema que tem completa ausência de transparência. Nós não sabemos quais os mecanismos utilizados pelo modelo de processamento de linguagem para chegar a determinado resultado, nem sabemos quais são o conjunto de dados que foram utilizados para oferecer aquele resultado. E aquele resultado é um resultado personalizado. Muito provavelmente, se eu fizer uma pergunta para o ChatGPT agora e qualquer outra pessoa dessa sala fizer a mesma pergunta, é possível que o resultado dessa resposta seja bastante diferente.
O senador Astronauta Marcos Pontes, do PL de São Paulo, ressaltou a importância da legislação para conter os excessos da inteligência artificial, mas não descartou ações que estimulem um olhar crítico dos cidadãos sobre conteúdo online.
Marcos Pontes: A legislação pode acompanhar o que tem sido feito em outros países, como por exemplo, a proibição clara e específica disso, assim como a obrigatoriedade de se escrever claramente quando que aquilo é gerado por inteligência artificial. Mas também surgiu aqui um ponto que é bem claro, eu falo sempre sobre educação, a necessidade da gente começar já da educação desde o início, tanto o letramento digital, quanto logicamente, as características culturais que, no final das contas, acabam influenciando na criação desses problemas.
A CTIA discute o marco regulatório da inteligência artificial no Brasil. O relatório será apresentado pelo senador Eduardo Gomes, do PL do Tocantins, após o ciclo de audiências públicas. Sob a supervisão de Marcela Diniz, da Rádio Senado, Luiz Felipe Liazibra.