Bancários denunciam adoecimento mental provocado por pressão no trabalho
Os representantes dos bancários denunciaram a precarização das condições de trabalho e o adoecimento mental da categoria, em debate na Comissão de Direitos Humanos (CDH), nesta quinta-feira (26/10). Representante da Federação Nacional dos Bancos questionou se os problemas relatados podem ser atribuídos às atividades laborais ou não.
Transcrição
BANCÁRIOS DENUNCIAM ADOECIMENTO MENTAL PROVOCADO POR PRESSÃO NO TRABALHO.
DEBATE ACONTECEU NA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DO SENADO. RÉPORTER JÚLIA LOPES:
As condições de trabalho nos bancos foram debatidas na Comissão de Direitos Humanos. Os bancários representam 1% dos empregos formais no Brasil, mas são 24% dos afastados por doenças mentais e comportamentais no país. A procuradora do Trabalho, Cirlene Luiza, destacou o cenário de precarização vivenciado por esses trabalhadores. Para ela, os bancos não dão a devida atenção ao adoecimento de seus funcionários e não apresentam soluções efetivas para o problema:
Quando a empresa, o setor, não reconhece o adoecimento, significa que nada é feito para melhorar as condições de trabalho, para adequar as condições de trabalho e evitar que aquele cenário de adoecimento continue acontecendo. Os bancos hoje são grandes sub notificadores. E temos felizmente sendo sindicatos bastante ativos e que buscam fazer essas notificações.
A gravidade e a falta de visibilidade do tema foram destacadas pelo representante do sindicato dos Bancários, Mauro Salles. Ele relata, inclusive, cárcere privado de funcionário que não bateu a meta:
Sabe o que é que esse cárcere privado pessoal? Não deixava sair os colegas enquanto não se batesse a meta. Imagine! Isso aqui foi provado porque, senão, não teriam sido condenado no Judiciário. Não é uma denúncia vazia, não é? E também o absurdo nessa mesma sentença do Tribunal Regional da Primeira Região, abstenha-se de prática discriminatória em razão de padrão estético de seus empregados, principalmente as mulheres são coagidas a irem bonitinhas, bem trajadas, para usar o estereótipo feminino para tentar bater meta. Isso aí é um absurdo.
O representante da Federação Nacional dos Bancos, Adauto Duarte, questionou se o adoecimento mental relatado pelos bancários pode ser atribuído às atividades laborais:
Nós estamos a dizer o seguinte, então tem uma legislação que manda investigar o nexo. Ela não é feita, não, não é feita. Então nós estamos então dizendo que é ocupacional, algo que não é. Qual é a preocupação disso? Endereçamento de política pública e de tratamento da pessoa. Se nós erramos no diagnóstico o tratamento, será adequado? Nós vamos conseguir fazer prevenção no ambientes de trabalho?
O debate na CDH foi pedido pela senadora Augusta Brito, do PT do Ceará. Sob a supervisão de Marcela Diniz, da Rádio Senado, Júlia Lopes.