General confirma que Exército impediu o desmonte de acampamentos bolsonaristas por falta de ordem judicial — Rádio Senado
CPMI do 8 de Janeiro

General confirma que Exército impediu o desmonte de acampamentos bolsonaristas por falta de ordem judicial

Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, o ex-chefe do Comando Militar do Planalto, general Gustavo Dutra, confirmou que o Exército não desmobilizou os acampamentos porque não eram considerados ilegais e por falta de ordem judicial. Ele relatou que o ex-comandante do Exército, general Marco Freire, desautorizou a realização de três operações da Polícia Militar no QG entre dezembro e janeiro. A relatora, Eliziane Gama (PSD-MA), ressaltou que os acampamentos foram locais de planejamento dos ataques. Já o senador Marcos Rogério (PL-RO) avalia que o depoimento do general confirmou a omissão do Gabinete de Segurança Institucional, segundo ele, por não mobilizado as tropas a despeito dos alertas de inteligência.

14/09/2023, 21h08 - ATUALIZADO EM 14/09/2023, 22h40
Duração de áudio: 03:41
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Transcrição
GENERAL CONFIRMA QUE EXÉRCITO NÃO DESMOBILIZOU ACAMPAMENTOS BOLSONARISTAS PARA EVITAR ABUSO DE PODER PELA FALTA DE DETERMINAÇÃO JUDICIAL.   RELATORA AFIRMOU QUE OS LOCAIS FORAM EMBRIÕES DOS GOLPES E OPOSIÇÃO DIZ QUE DEPOIMENTO CONFIRMA OMISSÃO DO GABINETE DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, o ex-chefe do Comando Militar do Planalto, general Gustavo Dutra, declarou que o Exército não poderia ter desmobilizado os acampamentos de apoiadores de Bolsonaro em todo o País por não serem ilegais e sem uma ordem judicial, o que ocorreu em Brasília no dia 9 de janeiro. Disse que os militares poderiam ser acusados de abuso de poder. O general confirmou que houve três tentativas por parte da Polícia Militar do Distrito Federal de desmontar as estruturas do QG, mas que o ex-comandante do Exército, general Marco Freire Gomes, desautorizou a entrada da corporação. Gustavo Dutra comentou que mais de 100 mil pessoas estiveram em novembro nos acampamentos, que se esvaziaram no início de janeiro. Segundo ele, na véspera dos ataques apenas moradores de rua e manifestantes de outros estados sem dinheiro para voltar para casa estavam no QG. Declarou ainda que no dia 7 de janeiro o local voltou a ficar cheio após orientação da Secretaria de Segurança do Distrito Federal para que os passageiros de ônibus vindos de fora desembarcassem lá. O general afirmou que esses últimos manifestantes teriam participado dos ataques no dia 8. Ele relatou que recomendou ao presidente Lula que não fosse cumprida a ordem do STF de prisão dos manifestantes na noite do dia 8 para evitar confrontos que poderiam resultar em mortes. E reforçou que o Exército cumpriu imediatamente a ordem do ministro Alexandre de Moraes. Em nenhum momento houve obstrução ao cumprimento do judicial do STF para desmobilização do acampamento em frente ao QG do Exército ou em qualquer outra unidade do Exército brasileiro. O CMP prestou o apoio necessário à Secretaria de Segurança Pública na desocupação do acampamento na manhã do dia 9 e contribuiu decisivamente para que não houvesse danos colaterais ou risco à integridade física ou à vida das pessoas. O senador Marcos Rogério, do PL de Rondônia, avalia que o depoimento do general mostrou que o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general G. Dias, não acionou o chamado plano escudo, que prevê a convocação de tropas, e que não repassou os alertas de inteligência. Perguntei a ele sobre a Guarda Presidencial, sobre a Polícia do Exército, sobre as forças disponíveis dentro do Palácio do Planalto, ele me disse que eles eram mais de 5 mil homens que não foram acionados. Mesmo a Abin alertando só solicitaram um pelotão. Por que solicitaram apenas um pelotão, se tinham um conhecimento de todo o planejamento, da manifestação e sabiam, inclusive, que entre os manifestantes existiam pessoas violentas e até armados, mas deixaram apenas de sobreaviso não acionaram. A relatora, senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, lembrou que o próprio Exército tinha poder de polícia. E reforçou que os acampamentos foram as células embrionárias dos ataques de dezembro e janeiro. Você tinha um acampamento que não era apenas de uma manifestação, era um acampamento que tinha na verdade um planejamento criminoso e isso quem diz não sou, quem diz são todos esses depoimentos. E que infelizmente ele como o comandante, que deveria fazer essa desocupação, infelizmente não fez. Então, ele claramente se blinda e também outras pessoas, sabe-se lá quem. Os integrantes da CPMI do 8 de Janeiro deverão ouvir na terça-feira o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil de Bolsonaro, general Braga Netto. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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