Hacker revela pedido de Bolsonaro para invadir urnas e assumir grampo contra Alexandre de Moraes — Rádio Senado
CPMI do 8 de Janeiro

Hacker revela pedido de Bolsonaro para invadir urnas e assumir grampo contra Alexandre de Moraes

Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, o hacker Walter Delgatti Neto revelou que o ex-presidente Bolsonaro pediu que ele violasse as urnas eletrônicas e lhe garantiu indulto caso fosse preso por assumir um grampo telefônico do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes. Ao declarar que está disposto a uma acareação, revelou ter elaborado o relatório do Ministério da Defesa com fragilidades nas urnas. Ao ressaltar que o hacker não respondeu à oposição, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) citou a falta de provas e as ações por estelionato. Já o senador Randolfe Rodrigues (AP) considera que a tática dos oposicionistas de desqualificar o hacker é uma confirmação das revelações feitas à CPMI do envolvimento de Bolsonaro.

17/08/2023, 20h10 - ATUALIZADO EM 17/08/2023, 20h18
Duração de áudio: 03:43
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Transcrição
EM DEPOIMENTO À CPMI, HACKER REVELA PEDIDO DE BOLSONARO PARA INVADIR URNAS ELETRÔNICAS E INDULTO PARA GRAMPEAR PRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. OPOSIÇÃO DIZ QUE DEPOENTE NÃO APRESENTOU PROVAS E GOVERNISTAS QUEREM A QUEBRA DE SIGILOS DO EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA E CONVOCAR EX-MINISTRO DA DEFESA.  REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. Apesar do direito de permanecer em silêncio, o hacker Walter Delgatti Neto disse que o ex-presidente Bolsonaro pediu que violasse as urnas eletrônicas para salvar o País e ao declarar que era impossível acessar ao código fonte, teria recebido de Bolsonaro a sugestão de criar um falso a ser mostrado no dia 7 de setembro. O hacker afirmou que teve encontros com o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e que técnicos da pasta relataram as visitas ao Tribunal Superior Eleitoral para que ele pudesse fazer o relatório em que apontou falta de segurança das urnas. Ainda segundo o hacker, Bolsonaro lhe garantiu um indulto caso fosse preso por assumir um grampo no telefone do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes. Ele disse no telefonema que esse grampo foi realizado por agentes de outro país, ele me disse. Não sei se é verdade, se realmente aconteceu o grampo porque eu não tive acesso a ele. E disse que em troca eu teria o prometido indulto e ele ainda disse assim: “olha, se caso alguém te prender, eu mando prender o juiz”, ele usou essa frase. Ele disse assim: fique tranquilo, se caso algum juiz te prender eu mando prender o juiz” e deu risada. Porque esse grampo ele seria suficiente para alguma ação contra o ministro e que as eleições fossem feitas com a urna que imprimir seu voto. Walter Delgatti Neto confirmou que a deputada Carla Zambelli, do PL de São Paulo, agiu em nome de Bolsonaro e que recebeu pagamentos e a promessa de emprego. Declarou que a parlamentar ofereceu recursos inclusive para subornos e se colocou à disposição da CPMI para acareações com os envolvidos nas denúncias feitas. Walter Delgatti Neto não respondeu às perguntas dos integrantes da oposição. Ao ressaltar que o hacker não tem credibilidade, o senador Flávio Bolsonaro, do PL do Rio de Janeiro, citou as diversas ações penais a que responde por estelionato, a proximidade dele com a esquerda e a falta de apresentação de provas.  Obviamente, ele se infiltrou para tentar chupar alguma informação, não encontrou nada porque tudo estava sendo feito de forma transparente pela candidatura então presidente Bolsonaro. Ele vem aqui, mente descaradamente e depois se recusa a responder, por exemplo, se ele teria vendido três caixas de Whisky ao ex-motorista da Carla Zambelli, o que pode justificar a movimentação financeira na sua conta bancária e não um pagamento a ele uma quantia irrisória para fraudar uma eleição nacional. Então, é óbvio que ele sai daqui completamente desqualificado. O senador Randolfe Rodrigues, do Amapá, considera que a tentativa da oposição de desqualificar o hacker foi uma declaração de culpa.  Mais do que ouvido pelo ex-presidente da República, foi levado pelo ex-presidente da República para ser ouvido do Ministério da Defesa e atentar contra o estado democrático de direito. A tentativa de desqualificar da parte da oposição é vergonhosa e só deixa patente o desespero que a oposição teve com as revelações de hoje. O que ocorreu na situação de hoje é que alguém que participou das tentativas de crime delatou os crimes que foram ocorridos. A próxima reunião da CPMI do 8 de Janeiro está prevista para terça-feira, quando poderão ser votados requerimentos. A base aliada vai tentar aprovar a convocação do ex-ministro da Defesa, além da quebra dos sigilos do ex-presidente Bolsonaro e acareações. Já a oposição quer marcar o depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general G. Dias, que se tornou investigado na ação do Supremo Tribunal Federal. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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