Audiência na CAS aponta falta de atendimento à saúde mental e à prevenção de suicídio — Rádio Senado
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Audiência na CAS aponta falta de atendimento à saúde mental e à prevenção de suicídio

Por iniciativa do senador Eduardo Girão (Novo-CE), a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) discutiu nesta quinta-feira (29) a saúde mental e a aplicação da Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio (Lei 13.819/2019), que teve origem no projeto de lei (PL 1.902/2019) do deputado Osmar Terra (MDB-RS). Especialistas pediram mais recursos para o atendimento à saúde mental e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) sugeriu a criação de um grupo de trabalho para acompanhar a execução da política de saúde mental.

29/06/2023, 17h11 - ATUALIZADO EM 29/06/2023, 17h11
Duração de áudio: 03:36
Foto: Pedro França/Agência Senado

Transcrição
EM AUDIÊNCIA NA COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS, PARTICIPANTES DESTACARAM A FALTA DE ATENDIMENTO EM SAÚDE MENTAL E À PREVENÇÃO AO SUICÍDIO. DOBRAR O ORÇAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE MENTAL, TRATAR A VIOLÊNCIA COMO TEMA DE SAÚDE E PRIORIZAR A PREVENÇÃO SÃO MEDIDAS PROPOSTAS PELOS CONVIDADOS. REPORTAGEM DE IARA FARIAS BORGES. Em audiência de quase seis horas na Comissão de Assuntos Sociais, especialistas debateram estratégias públicas de atenção à saúde mental e a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 800 mil pessoas morrem todos os anos por suicídio, sendo que nos países desenvolvidos a maior taxa ocorre entre adolescentes e jovens. Esses índices estão diminuindo no mundo, mas no Brasil vem aumentando, ressaltou o psiquiatra e professor Fábio Matos, da Universidade Federal do Ceará , que defendeu duplicar o orçamento para a saúde mental. Autor da lei que instituiu a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, o deputado Osmar Terra, do MDB do Rio Grande do Sul, estado com maior índice de suicídio, defendeu o tratamento de transtornos mentais como medida preventiva. Para Terra, a situação social da pessoa não é o principal fator que leva ao suicídio. “Justamente nas cidades mais ricas do Rio Grande do Sul que têm mais suicídio. Então não tem esta relação só com o social. Tem transtornos mentais em grande número e atingindo uma grande parcela da população que causam comportamento agressivo. Tem a questão mental, tem a questão biológica do cérebro, os transtornos das doenças cerebrais. Tudo isso tem que ser considerado e tem que ter um sistema que tenha tempo para atender às pessoas e atender bem.” Já para o representante do Ministério da Saúde, Marcelo Kimati, os índices de suicídio não têm relação apenas com distúrbios mentais, mas envolvem aspectos complexos e multifatoriais. E defendeu mais recursos para atendimento em saúde mental.  “Se nós associamos suicídio a transtornos mentais, a gente associa suicídio a problemas crônicos e recorrentes. E não podemos pensar em ações que estão voltadas para um recorte muito pequeno e muito específico. A nossa grande questão hoje de cuidado em saúde mental é acesso. Então nossa rede tem que se expandir.” Representando o CVV, Centro de Valorização da Vida, Leila Herédia ressaltou a importância da legislação e de políticas públicas para a prevenção do suicídio. E lembrou que o CVV presta acolhimento 24 horas e as pessoas podem buscar ajuda emocional, de forma anônima e gratuita, pelo telefone 188.  “A gente ouve com nossos ouvidos, mas também com o coração. É muito comum também a gente ouvir ‘Ah! Mas vocês só ouvem?’ Ouvir não é pouco, gente, ouvir é fundamental. Ouvir também é ouvir silêncios. Às vezes, a pessoa liga, pede para a gente ficar ali com ela e a gente ouve apenas a respiração. Apenas este ato de ouvir faz parte de um conjunto que é muito importante.” A senadora Damares Alves, do Republicanos do Distrito Federal, sugeriu a criação de um Grupo de Trabalho para acompanhar execução das políticas de saúde mental. Excelentes sugestões foram apresentadas aqui. Esta Grupo de Trabalho vai ajudar na construção dessas excelentes sugestões. Então fica a minha sugestão de a gente ter um grupo de trabalho permanente para acompanhar a execução da política ajudando o Ministério da Saúde a dar respostas para a sociedade.” O debate, uma iniciativa do senador Eduardo Girão, do Novo cearense, também contou com a participação de psiquiatras, psicólogos e outros profissionais de saúde mental. Da Rádio Senado, Iara Farias Borges.

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