Condenado por bomba em Brasília evita perguntas da CPMI mas nega relação com Bolsonaro — Rádio Senado

Condenado por bomba em Brasília evita perguntas da CPMI mas nega relação com Bolsonaro

Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, os peritos da Polícia Civil do Distrito Federal declararam que a bomba caseira encontrada nas proximidades do Aeoroporto Internacional de Brasília em 24 de dezembro só não explodiu por falhas no acionador. Um dos responsáveis pelo artefato, George Washington Sousa, se valeu do silêncio, mas em respostas a parlamentares da oposição negou ser terrorista ou ter ligações com o ex-presidente Bolsonaro. Declarou, no entanto, que foi coagido no depoimento que o levou à condenação de 9 anos de prisão. A relatora, Eliziane Gama (PSD-MA), rebateu a denúncia citando que ele se valeu da confissão para reduzir a pena.

22/06/2023, 21h51 - ATUALIZADO EM 22/06/2023, 21h51
Duração de áudio: 03:43
Waldemir Barreto/Agência Senado

Transcrição
EM DEPOIMENTO À CPMI DO 8 DE JANEIRO, PERITO DA POLÍCIA CIVIL DIZ QUE BOMBA NÃO EXPLODIU NO AEROPORTO DE BRASÍLIA POR SER "CASEIRA". CONDENADO POR TENTATIVA DO ATENTADO NEGA LIGAÇÃO ENTRE OS ATAQUES DE DEZEMBRO E JANEIRO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, o perito da Polícia Civil do Distrito Federal, Renato Carrijo, disse que a bomba encontrada nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília foi fabricada com explosivos de destruição de rochas que são controlados pelo Exército, mas comprados na internet. Ele revelou que o artefato não explodiu por falha no acionador. Já o perito Valdir Filho comentou que a detonação poderia ter provocado incêndio no caminhão e atingido um hotel, posto de gasolina e lojas do lado externo do aeroporto. O delegado Leonardo de Castro informou que no momento da prisão de um dos responsáveis pelo artefato, George Washington Sousa, encontrou mais materiais explosivos, armas e munição que seriam distribuídas no acampamento do QG do Exército em Brasília. Já condenado a mais de 9 anos de prisão, George Washington Sousa se recusou a responder à maioria das perguntas dos integrantes da CPMI. Nas poucas respostas, negou ser terrorista e ter ligações com o ex-presidente Bolsonaro ou políticos. Ao afirmar que foi coagido no depoimento, declarou para o senador Izalci Lucas, do PSDB do Distrito Federal, que o episódio da bomba não tem relação com a tentativa de invasão à sede da PF e quebradeira e incêndios em Brasília no dia 12 de dezembro nem com os ataques à sede dos três Poderes no dia 8 de janeiro.  (George) Senhor, eu já fui condenado e estou preso e o meu caso não tem nada a ver com o caso do dia 8, que corresponde a essa CPMI. (Izalci) O que está sendo colocado aqui pela relatora e outros é que esses atos praticados antes do dia 8 provocaram tudo isso e que foi todo planejado por esse pessoal todo que está preso. (George) Eu já respondi que não tem nada a ver uma coisa com a outra. Para o senador Jorge Seif, do PL de Santa Catarina, o depoimento de George Washington confirma que ele agiu por conta própria.  Ele falou que nunca entrou em contato com o presidente Bolsonaro, que nunca mandou carta. Muito pelo contrário, no depoimento dele ele fala: 'olha, depois que eu vi que não ia acontecer nada', ou seja, que o presidente Bolsonaro não intentou contra a democracia, não convocou as Forças Armadas, nem nada, então, eles resolveram agir por vontade própria. E imaginaram que com essas loucuras, com esses crimes que infelizmente cometeram, que eles iam desestabilizar o Brasil para forçar um estado de sítio. A relatora, senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, questionou a declaração sobre o depoimento forçado ao citar que ele próprio se beneficiou da confissão para reduzir a pena. Ela também rebateu o argumento de que George Washington agiu sozinho ao reforçar que a CPMI vai atrás dos financiadores.  Ele é um réu confesso. Então, ele vem à comissão e numa primeira leva se recusou a falar, claramente ficou à vontade com parlamentares que tem uma ligação política com o ex-presidente da República. E depois tentou, inclusive, apresentar uma denúncia que não tem uma fundamentação, que, seria, portanto, uma adulteração do seu depoimento. Ora,ele apresenta isso na comissão, mas ao longo de todo o processo ele em nenhum momento fez essa denúncia através inclusive da sua defesa.  Pelo episódio da bomba, George Washington Sousa foi condenado a mais de 9 anos de prisão pela fabricação do artefato e Allan dos Santos a mais de 5 anos pela colocação no caminhão de combustível. Mas o terceiro envolvido, Wellington Macedo, está foragido. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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