Presidente do BC diz que taxa de juros baixos na marra podem descontrolar a inflação — Rádio Senado

Presidente do BC diz que taxa de juros baixos na marra podem descontrolar a inflação

A Comissão de Assuntos Econômicos recebeu nesta terça-feira (25) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Senadores como Omar Aziz (PSD-AM), questionaram as razões de juros altos, enquanto outros, como Rogério Marinho (PL-RN) lembraram que o descontrole na inflação leva ao empobrecimento da população. Roberto Campos Neto disse que todos querem taxa de juros mais baixas, mas que isso depende de vários fatores, como a inflação controlada e a confiança nas contas públicas.

25/04/2023, 14h56 - ATUALIZADO EM 25/04/2023, 14h56
Duração de áudio: 02:51

Transcrição
A COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS RECEBEU NESTA TERÇA-FEIRA O PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL, ROBERTO CAMPOS NETO. ELE DISSE QUE TODOS QUEREM TAXA DE JUROS MAIS BAIXAS, MAS QUE ISSO DEPENDE DE VÁRIOS FATORES, COMO A INFLAÇÃO CONTROLADA E A CONFIANÇA NAS CONTAS PÚBLICAS. REPÓRTER BRUNO LOURENÇO. Senadores como Omar Aziz, do PSD do Amazonas, questionaram o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a manutenção da taxa referência de juros na economia, a Selic, em 13,75% ao ano. E aí não dá, mesmo sendo presidente do Banco Central, dr. Roberto, o senhor defender os juros. Você tinha que criticar os juros e tentar baixar os juros. Não defender os juros altos. Até porque as medidas que esse Congresso Nacional tomou, e foram muitas pra conter a inflação, foram grandes. Ano passado, em plena campanha, retirando dinheiro de estados e municípios pra reduzir o preço de combustíveis, das telecomunicações. Já Rogério Marinho, do PL do Rio Grande do Norte, lembrou a consequência de tomar decisões técnicas, como a do Comitê de Política Monetária, sem o devido respaldo da economia real. Eu convido os senhores a refletir sobre o que aconteceu recentemente no nosso país quando essa premissa foi deixada de lado. Entre 2011 e 2013, nós tivemos quase dois anos de congelamento da taxa mesmo com a inflação saindo da meta. Em 2012, houve uma intervenção no mercado de energia com antecipação de tarifas, nós tivemos uma política de subsídio ao combustível e isso significou que a Petrobras passou a ser a empresa mais endividada do mundo. A consequência, presidente, é que entre 2015 e 2016, nós temos a maior recessão da história desde mil novecentos e quarenta e oito. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, explicou que o banco tem autonomia operacional para perseguir a meta de inflação fixada pelo governo, por meio do Conselho Monetário Nacional. E que se o Copom tivesse trilhado outro caminho, como o da Argentina, os juros estariam maiores. E alertou que o mais pobre pagaria a conta. E a gente vê aqui o caso da Argentina, que é um caso onde a inflação saiu de controle, e quem sente mais com a inflação é quem é o mais pobre, porque ele não tem a renda protegida, ele não tem indexação, ele tem um reajuste de salário nominal que não acompanha. A gente vê, por exemplo, o caso da Argentina, onde, quando a inflação subiu, a pobreza extrema subiu muito. Então, o combate à inflação é o melhor instrumento social que existe hoje, e tem vários estudos que mostram isso. No caso da Argentina, a pobreza aumentou 53% e hoje alcança quase 40% da população. Roberto Campos Neto disse ainda que juros têm a ver com expectativas, e que muitas vezes na história eles abaixaram e a oferta de crédito não acompanhou a queda. Afirmou que a inadimplência e o custo de recuperação de empréstimos no Brasil ainda são muito altos, o que dificulta o crédito mais barato na ponta. O presidente do BC também é aguardado para sessão temática sobre juros, inflação e crescimento econômico, na manhã de quinta-feira, no Plenário do Senado, com a participação dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet. Da Rádio Senado, Bruno Lourenço.

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