Senado debate em audiência pública o uso medicinal da cannabis — Rádio Senado
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Senado debate em audiência pública o uso medicinal da cannabis

A Comissão dos Direitos Humanos debateu o uso medicinal da cannabis, usada no tratamento do autismo, da dor crônica e de doenças como depressão, epilepsia, esclerose, esquizofrenia, paralisia cerebral e Parkinson. O uso desses medicamentos no Brasil ainda é restrito. A reunião contou com a presença de convidados e especialistas a favor e contra a liberação da cannabis para uso medicinal.

20/04/2023, 16h16 - ATUALIZADO EM 20/04/2023, 16h16
Duração de áudio: 03:09
Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Transcrição
A COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DISCUTIU EM AUDIÊNCIA PÚBLICA O USO MEDICINAL DA CANNABIS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS COMO A EPILEPIA. A MAIORIA DOS PARTICIPANTES DEFENDEU A LIBERAÇÃO DE PRODUTOS COMO O CANABIDIOL. REPÓRTER CAROL TEIXEIRA. A cannabis já é usada em diversos países em pacientes autistas e no controle da dor crônica. Também é utilizada para atenuar sintomas da depressão, epilepsia, esclerose, esquizofrenia, paralisia cerebral, Parkinson, retardo mental e transtorno de desenvolvimento. No Brasil, o uso ainda é restrito. O deputado federal Osmar Terra, do MDB do Rio Grande do Sul, manifestou a preocupação de que a liberação de produtos como o canabidiol possa abrir as portas para o plantio indiscriminado da cannabis: Eu não quero isso, que as crianças brasileiras a título de garantir um medicamento para um número pequeno em relação ao conjunto do dano que causa a maconha, que precisa do tratamento, tem que ter o remédio. Tem que ter o canabinol. Agora não vamos usar isso como biombo para liberar o plantio e o consumo de maconha no Brasil. A senadora Mara Gabrilli, do PSD de São Paulo, rebateu o argumento ao afirmar que há uma diferença fundamental entre o produto para uso medicinal e o entorpecente:  Quando a gente fala que realmente ameniza a dor, ameniza a dor. A gente não tá falando de crack, essa história de que começa na maconha, vai pra cocaina e termina no crack é ultrapassada. São substâncias totalmente diferentes, então vamos respeitar quem sente dor. Vamos respeitar inclusive as verdades, a ciência, a gente não tá falando do uso de droga. Maria Angela, representante da Associação Maesconha e da Federação das Associações de Cannabis Terapêutica do Brasil, é mãe de uma criança que faz o uso da cannabis como medicamento para amanizar algumas condições relacionadas ao autismo. Ela defende que a ciência já comprovou a melhora significativa nos pacientes que usam a planta: Nos vamos continuar seguindo o padrão da ciência, continuaremos lutando para romper as barreiras. Nos falamos de uso medicinal, nos falamos de garantia de vida, de garantia de integridade, de perspectivas de vida. Quando eu falo de trocar uma camisa de força e um capacete por uma planta é real, é muito sofrimento. A médica Eliane Nunes, representante da Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis, ressaltou que as crianças que procuram ajuda no medicamento a base de cannabis apresentam sintomas graves. E a regulamentação é fundamental para a qualidade de vida dessas pessoas: Eu como médica, provavelmente a primeira médica a prescrever pra autismo. Posso dizer pra vocês que eu prefiro prescrever como droga de entrada, porque uma criança quando chega num psiquiatra, ela já passou por todos e ninguém pode fazer esse diagnóstico porque a gente tem um tempo pra fazer o diagnóstico. Só que a criança tá sofrendo, muitas delas cerca de 30% tem convulsão e a gente nem sabe, porque a criança não apresenta. Então a gente vê que as mães merecem o tratamento hoje, não é amanhã. Foram ouvidos também representantes da Anvisa, do Conselho Federal de Medicina, do Conselho Federal de Quimica, da Associação Brasileira de Cannabis Medicina, parlamentares e familiares de pessoas que fazem o uso do produto a base de cannabis. Sob a supervisão de Mauricio de Santi, da Rádio Senado, Carol Teixeira.

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