Representantes dos Ianomâmis se queixam de desmatamento, garimpo ilegal e malária — Rádio Senado
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Representantes dos Ianomâmis se queixam de desmatamento, garimpo ilegal e malária

A Comissão Temporária criada para monitorar a situação dos Ianomâmi ouviu nesta quinta-feira (16) representantes dos indígenas sobre a crise sanitária. Eles questionaram a efetividade das operações de retirada de garimpeiros da área, sem que haja um trabalho permanente de combate ao garimpo ilegal. Também relataram um aumento expressivo nos casos de malária, contaminação por mercúrio e desmatamento nos últimos anos.

16/03/2023, 15h48 - ATUALIZADO EM 17/03/2023, 07h47
Duração de áudio: 03:53
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Transcrição
REPRESENTANTES INDÍGENAS SE QUEIXAM DE AUMENTO DO DESMATAMENTO, GARIMPO ILEGAL E CASOS DE MALÁRIA NAS TERRAS IANOMÂMI À COMISSÃO CRIADA PARA ACOMPANHAR A CRISE. PARA ELES, OPERAÇÕES DE RETIRADA DE GARIMPEIROS NÃO SÃO SUFICIENTES E COBRAM UM TRABALHO PERMANENTE NA REGIÃO. A REPÓRTER MARCELLA CUNHA TEM OS DETALHES A Comissão criada para acompanhar a situação dos Ianomâmi ouviu nesta quinta-feira a visão de representantes indígenas sobre a crise sanitária. O presidente do Conselho Nacional de Saúde Indígena, Junior Hekurari Yanomami, confirmou que vacinas destinadas a indígenas eram trocadas por cerca de 15 a 20 gramas de ouro, para serem aplicadas em garimpeiros. Ele também relatou problemas de saúde, como queda de cabelo, e casos de má formação em crianças associados à contaminação por mercúrio. Segundo Dário Kopenawa, Vice-Presidente da Hutukara Associação Yanomami, problemas como desnutrição infantil, desmatamento e casos de malária foram severamente agravados nos últimos anos.  Muita vulnerabilidade. Não é de décadas, é recente destruídas, desmatado. Os últimos quatro anos que a gente sofremos e massacrado e somos violadas a atividade garimpo ilegal. As crianças, as mulheres estão morrendo contaminadas. Os nossos rios são totalmente destruídos. Os nossos animais, os seres humanos correndo de risco hoje em dia. E fizemos contagem em 2021 e 2022, 40 mil casos de malária na terra indígena yanomami como um todo. A malária é uma doença infecciosa transmitida por mosquitos, que pode ser evitada com remédios preventivos. A senadora Damares Alves, do Republicanos do Distrito Federal, questionou as denúncias de que o quadro teria sido agravado no último Governo, enquanto ocupou o cargo de Ministra dos Direitos Humanos. Para ela, o momento é de buscar soluções.  Nós tivemos nos últimos 4 anos dois fatores que têm que ser considerados: garimpeiros da venzuela invadindo área Yanomami e temos um fluxo migratório vindo da Venezuela. Nós tivemos infelizmente uma Covid que agravou a situação da saúde. Então culpar que tudo isso é nos útimos 4 anos, chega a ser além de indelicado, imoral dizer que mortes estão todas estão começando agora. Nao estão. Por muito tempo me acusaram de genocida, queriam um culpado, e eu não executava a política indígena.  De acordo com o Coordenador-Geral de Meio Ambiente da Polícia Federal, Renato Madsen, a PF tem atuado em duas frentes para combater o garimpo ilegal na região. A primeira é a destruição do maquinário utilizado. A segunda é um trabalho permanente no local para identificar grupos de garimpeiros que permanecem dentro do território indígena. Nos últimos 30 dias, foram apreendidas duas aeronaves, 84 embarcações, 200 acampamentos, mais de 170 motores e geradores de energia, além de maquinários para extração de minérios, motosserras, armas e munições. Mas, para o representante da Ypassali Associação Sanuma, Mateus Sanuma, as operações não são efetivas já que os garimpeiros voltam assim que a polícia deixa o local. Todas as vezes que é feita uma operação, os garimpeiros continuam ainda. Alguns escondidos por dentro da selva em vários lugares, e após terminara a operação eles voltam novamente a funcionar. É necessário que se faça um trabalho constante, não apenas de palavras, para a retirada total desses invasores nas nossas terras. Após a retirada dos garimpeiros ficam aquelas poças de água e ali prolifera o mosquito da malária. Então é interessante que haja um acompanhamento de saúde urgente.  A primeira visita da comissão às terras indígenas, em Roraima, deverá acontecer entre os dias 10 e 12 de abril. Da Rádio Senado, Marcella Cunha

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