Comissão Temporária dos Ianomâmi faz primeira audiência pública — Rádio Senado
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Comissão Temporária dos Ianomâmi faz primeira audiência pública

A Comissão Temporária que acompanha a crise dos Ianomâmi realizou nesta quarta-feira (15) a primeira audiência pública. Entre os participantes, esteve Geraldo Silveira, presidente do Conselho Diretor da Missão Evangélica Caiuá, que negou qualquer tipo de evangelização junto aos povos indígenas. A senadora Damares Alves (REPUBLICANOS-DF) defendeu que a gestão da saúde indígena no Brasil seja revista. Também foram ouvidos Márcio Santilli, sócio-fundador do Instituto Socioambiental, e o procurador da República em Roraima, Alisson Marugal.

15/03/2023, 18h40 - ATUALIZADO EM 15/03/2023, 18h40
Duração de áudio: 03:32
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Transcrição
A COMISSÃO TEMPORÁRIA QUE ANALISA A SITUAÇÃO DOS IANOMÂMI FEZ NESTA QUARTA-FEIRA SUA PRIMEIRA AUDIÊNCIA PÚBLICA. OS SENADORES FALARAM SOBRE A EVANGELIZAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS E DENÚNCIAS DE QUE GARIMPEIROS TERIAM TROCADO OURO POR VACINAS DESTINADAS AOS INDÍGENAS. A REPÓRTER MARCELLA CUNHA A Comissão Temporária destinada a acompanhar a situação dos Ianomâmi realizou uma audiência pública nesta quarta-feira para discutir a crise sanitária. Entre os participantes, esteve Geraldo Silveira, presidente do Conselho Diretor da Missão Evangélica Caiuá, entidade presbiteriana que atua junto aos povos indígenas. Ele foi questionado pelo relator da comissão, senador Dr. Hiran, do PP de Roraima, sobre a natureza do trabalho realizado.  O senhor não acha que seria uma agressão à cultura ianomâmi, por exemplo, nós termos uma missão evangélica dentro de uma área indígena, que tem sua cultura, que deve ser preservada, em termos de valores, de crenças, de relação interpessoal, enfim? Quer dizer, o senhor não acha que seria um envolvimento indevido na cultura, já que os antropólogos dizem que a gente deve preservar da maneira mais cristalina essa cultura ianomâmi, que é um dos povos mais primitivos da Terra? Geraldo garantiu que o grupo não faz nenhum serviço de evangelização dos indígenas e presta apenas serviços de saúde. Para a senadora Damares Alves, do Republicanos do Distrito Federal, que era ministra dos Direitos Humanos na época, está na hora de rever a gestão da saúde indígena no Brasil.  Dos 20 mil que eles contratam, não são todos evangélicos, por favor. Eu fui lá em Roraima, eu não vi médicos evangélicos, eu não vi enfermeiros evangélicos. Que isto fique bem claro: que eles fazem a gestão. Vamos pedir prestação de conta? Vamos. Vamos confrontar dados? Vamos. Mas vamos aproveitar tanto interesse que os senhores têm e vamos ver se está na hora de a gente mudar a gestão da saúde indígena. E meu conselho para a Missão Caiuá: não renove mais esse convênio, deixem que outras instituições compareçam... Já a senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, indagou o representante da missão religiosa sobre denúncias de troca de ouro por vacinas destinada a indígenas. Mas Geraldo informou que os profissionais do grupo não se envolvem neste tipo de questão.  A gente ouve muita coisa. Geralmente quando o colaborador traz um assunto a gente pede que ele encaminhe ao DSEI. Porque essa é uma área muito delicada. A gente não se envolve  de como a medicação chega. A medicação precisa chegar na mão do profissional para que ele possa ministrar. Como ela vai chegar, se vai chegar, se ela deixa de chegar…não nos envolvemos nessas questões que são até políticas, questões legais, que não é da competência da missão.  Segundo Márcio Santilli, sócio-fundador do Instituto Socioambiental, mais de 34 denúncias foram feitas apenas pela Hutukara Associação Ianomâmi, uma entidade que representa o povo indígena. Para o procurador da República em Roraima, Alisson Marugal, a solução não está na legalização do garimpo nas terras Ianomâmis, principalmente por se tratar de povo indígena de recente contato.  Os impactos do garimpo são muito mais intensos quando a gente fala da população ianomâmi. E a possibilidade de fiscalização desse tipo de atividade no meio da Floresta Amazônica é muito baixa. Então, é uma receita, na minha opinião, como Procurador da República atuando diretamente na questão indígena, para o desastre colocar garimpo no território ianomâmi. Um requerimento para ouvir a Hutukara Associação Yanomami foi apresentado pela senadora Eliziane Gama. Da Rádio Senado, Marcella Cunha

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