Lei que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira completa 20 anos — Rádio Senado
Educação

Lei que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira completa 20 anos

A lei que tornou obrigatório o ensino da cultura e história afro-brasileira nas escolas públicas e privadas completa 20 anos de vigência nesta segunda-feira, dia 9 de janeiro. O objetivo da lei é resgatar junto aos estudantes dos ensinos fundamental e médio a contribuição de africanos e afrobrasileiros nas mais diversas áreas. Mesmo com a lei, Anderson Oliva, professor de História da Universidade de Brasília, afima que é preciso reformular os currículos, para que a educação enfatize negros e indígenas  O senador Fabiano Contarato (PT-ES) também criticou que os conteúdos de história sejam produzidos a partir de uma visão eurocêntrica.

06/01/2023, 18h06 - ATUALIZADO EM 06/01/2023, 18h23
Duração de áudio: 02:31
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Transcrição
A LEI QUE TORNOU OBRIGATÓRIO O ENSINO DA CULTURA E HISTÓRIA AFROBRASILEIRA NAS ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS COMPLETA 20 ANOS NESTA SEGUNDA-FEIRA. O OBJETIVO É RESGATAR JUNTO AOS ESTUDANTES DOS ENSINOS FUNDAMENTAL E MÉDIO A CONTRIBUIÇÃO DO POVO NEGRO NAS MAIS DIVERSAS ÁREAS, SOBRETUDO NA SOCIAL, ECONÔMICA E POLÍTICA. REPÓRTER ALEXANDRE CAMPOS. Professor de História da África da Universidade de Brasília, Anderson Oliva afirmou que, antes da lei, o que havia nas salas de aula era quase o silêncio e a invisibilidade em relação às contribuições de africanos e afrobrasileiros na formação da cultura e da história do Brasil. Para que isso mudasse, acrescentou ele, era preciso não apenas formar professores capacitados para abordar esses temas. Foi preciso também adaptar o material didático existente e enfrentar eventuais resistências, que ainda persistem, manifestadas especialmente pelo racismo religioso e pela discriminação em relação aos saberes e conhecimentos produzidos por africanos e afrobrasileiros. Nesse sentido, Anderson Oliva acredita que é preciso ir além da obrigatoriedade de ensinar a história e a cultura afrobrasileira nas escolas do país. é fundamental que nossos currículos sejam de fato descolonizados e que nós tenhamos uma educação indígenacentrda, afrocentrada, que permitarm um diálogo mais plural e diverso com as sociedades e os povos que forma a história do brasil e compõem a nossa sociedade. Também o senador Fabiano Contarato, do PT do Espírito Santo, destacou a importância da lei para enfrentar o apagamento da história e cultura negras no país. Fabiano Contarato ainda se somou à opinião do professor Anderson Oliva quanto à produção de conhecimento feita por afrobrasileiros. A historiografia brasileira é até hoje uma narrativa contada majoritariamente por brancos, por herdeiros das elites e por visões completamente eurocêntricas e descomprometidas com o testemunho, o registro em primeira pessoa e a trajetória de luta e resistência dos povos oprimidos e marginalizados. Ana Beatriz Castro, que é estudante do segundo semestre de História da Universidade de Brasília, concluiu o ensino médio em 2021. Do tempo que estudava numa escola pública do Distrito Federal, ela contou que a cultura e a história afrobrasileira eram pouco abordadas em sala, ficando as discussões concentradas no período de comemoração do dia da consciência negra, em 20 de novembro. Para Ana Beatriz, isso aconteceu, porque os professores não tinham a formação adequada para tratar o tema.   Quando o assunto for o ensino de história da áfrica, eu acho que vou estar mais bem preparada. Primeiro, porque a gente está tendo essa matéria e, segundo, porque é um assunto pelo qual eu me interesso. Um projeto do senador Ranfolfe Rodrigues, da Rede do Amapá, prevê a inclusão de conteúdos de combate ao racismo nos currículos da educação básica e dos ensinos fundamental e médio. da Rádio Senado, Alexandre Campos.

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