IFI aponta despesa extra de R$ 51,8 bilhões em 2023 com Auxílio Brasil — Rádio Senado
Economia

IFI aponta despesa extra de R$ 51,8 bilhões em 2023 com Auxílio Brasil

Daniel Couri, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), destaca os principais pontos do Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) publicado nesta quarta-feira (19). O documento mantém as projeções de crescimento do PIB em 2,6% para 2022 e 0,6% para 2023. Mas aponta que a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 poderá contribuir para um cenário de déficit fiscal no ano que vem, implicando em uma despesa adicional de R$ 51,8 bilhões para os cofres públicos.

Veja também a análise completa de Daniel Couri. 

21/10/2022, 18h06 - ATUALIZADO EM 21/10/2022, 18h07
Duração de áudio: 03:20
Foto: Júlio Dutra/ Min. Cidadania

Transcrição
MANUTENÇÃO DO AUXÍLIO BRASIL EM 600 REAIS EM 2023 DEVE GERAR DESPESA ADICIONAL DE 52 BILHÕES AOS COFRES PÚBLICOS. É QUE APONTOU RELATÓRIO DA INSTITUIÇÃO FISCAL INDEPENDENTE, QUE TAMBÉM DESTACA QUEDA NO DESEMPREGO E NA INFLAÇÃO DESTE ANO. A REPORTAGEM É DE MARCELLA CUNHA A Instituição Fiscal Independente divulgou o Relatório de Acompanhamento Fiscal de outubro. As projeções do órgão vinculado ao Senado apontam uma variação no déficit do ano que vem, que pode ir de 4,5 bilhões de reais a até 103 bilhões. A diferença no cenário fiscal leva em conta a possibilidade de queda nas receitas e a adoção ou não de aumentos na despesa não contabilizados na lei orçamentária enviada pelo Governo ao Congresso, em agosto. Entre eles, o acréscimo de 200 reais no valor pago atualmente no Auxílio Brasil. Apesar de não estar oficializada no orçamento, a proposta faz parte da promessa de campanha dos dois candidatos à Presidência no segundo turno. A medida teria um impacto de quase 52 bilhões de reais nas contas públicas. Já a expectativa de crescimento do PIB foi mantida em 2,6% para 2022 e 0,6% para 2023. O diretor Executivo da IFI, Daniel Couri, explica a tendência de enfraquecimento da economia.   A IFI acredita que a política monetária mais restritiva, ou seja, os juros mais elevados, e uma possível retirada dos estímulos fiscais, e uma desaceleração também da economia global vão influenciar negativamente no PIB. Então por isso a gente prevê um crescimento mais baixo, em torno de 0,6. Ele pode até ser mais alto, em torno de 1%, caso haja a manutenção desses estímulos que foram concedidos nesse ano e que os principais candidatos da eleição estão dizendo que vão manter. O estudo também aponta trajetória de recuperação no mercado de trabalho. A taxa de desemprego atingiu 8,59% e alcançou níveis pré-pandemia, sendo equivalente ao patamar do meio de 2015. A inflação também segue recuando, e o IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, foi revisado para baixo: caiu de 6,4% para 5,8% após o país registrar deflação por três meses seguidos.  Por fim, a IFI fez uma comparação entre as projeções que o governo atualiza bimestralmente para orçamento de 2022 e o que estava previsto na lei orçamentária. Chama a atenção um crescimento de 200 bilhões na previsão de receita, um crescimento muito expressivo, mas por outro lado o teto de gastos não tem evitado que a projeções de despesas para 2022 tenham crescido ao longo do ano. Isso deve deve, basicamente, pelo lado da despesa, pelas exceções que têm sido criadas no teto de gastos que têm minado a credibilidade da regra. Então as despesas que estão sujeitas ao teto, elas continuam pressionadas. Tanto que no momento há um bloqueio de 10,5 bilhões em despesas chamadas discricionárias, o que afeta naturalmente, o funcionamento de várias políticas públicas. O impacto do aumento do piso da enfermagem foi estimado em 17,4 bilhões de reais. No entanto, como as propostas estão em estágio inicial de tramitação, a IFI optou por não incorporar este valor aos cenários de déficit. Da Rádio Senado, Marcella Cunha

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